Mobilização nacional convocada pela FUP exige um basta aos acidentes e uma AMS de qualidade

Protesto foi realizado em memória de mais um trabalhador terceirizado morto na Bahia, a serviço da Petrobrás. Os atos também tiveram como foco a defesa da AMS…





Imprensa da FUP

A FUP e seus sindicatos realizaram nesta sexta-feira, 17, atos e atrasos na entrada do expediente do Sistema Petrobrás, cobrando melhores condições de trabalho, saúde e segurança para todos os petroleiros, próprios e terceirizados. Na Bahia, os trabalhadores realizaram um grande ato na Pituba, em memória do companheiro Gutemberg Lima de Oliveira, 43 anos, funcionário da empreiteira GDK, que perdeu a vida no último dia 11, quando substituía dutos em um campo de produção terrestre, no interior da Bahia.

Na terça-feira, 21, os petroleiros baianos farão uma nova mobilização em Araçás, no ativo de produção da Petrobrás onde Gutemberg trabalhava, quando sofreu o acidente. No Espírito Santo, os petroleiros farão também no mesmo dia um ato em memória do companheiro e em protesto contra as condições inseguras de trabalho na Petrobrás, que afetam, principalmente, os terceirizados.

O coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, e outros dirigentes da Federação participaram da manifestação, cobrando um basta aos acidentes e prioridade da Petrobrás para a vida dos trabalhadores, tanto no que diz respeito à política de SMS, quanto ao programa de assistência à saúde (AMS), que vem sofrendo uma série de ataques nos últimos anos. 

Responsabilidade social de fachada

Logo após a realização do ato na Pituba, dirigentes sindicais da Bahia e da FUP seguiram para a cidade de Araçás, onde visitaram os familiares de Gutemberg para prestar-lhes solidariedade e apoio político e jurídico para cobrar da GDK e da Petrobrás responsabilidade pelo acidente. Gutemberg era casado e deixou dois filhos menores: Alana Bastos Oliveira, 17 anos, e Patrick Bastos Oliveira, 6 anos.

A dor dos familiares de Gutemberg contrastava com a gigantesca faixa que a Petrobrás estampou na entrada do município baiano, cuja economia gira em torno dos campos de produção de petróleo. "Aqui tem responsabilidade social transformando a realidade", anuncia a empresa em letras garrafais, em uma das principais avenidas de Araçás. Mas, ao contrário do que propagandeia, segurança, saúde, vida não estão na pauta dos gestores da Petrobrás. Os projetos de responsabilidade social da empresa estão a léguas de distância dos trabalhadores, que continuam morrendo e sendo mutilados em acidentes de trabalho grotescos, como o que tirou a vida de Gutemberg e deixou órfãos seus filhos. Já chega a 292 o número de vítimas da insegurança, que, desde a década de 90, se perpetua em todo o Sistema Petrobrás de forma crônica e cruel, revelando, a cada nova morte, a inércia da direção da empresa em apontar mudanças estruturais nas políticas de SMS e de terceirização. É tão absurdo isso que os diretores e gerentes executivos da Petrobrás sequer encontram tempo em suas agendas para realizar o fórum de SMS que foi acordado com a categoria. Mais uma prova de que segurança, saúde e vida não tem prioridade para a Petrobrás. Uma realidade que só será alterada com unidade dos trabalhadores e muita mobilização.

 

O coordenador da FUP, Moraes, e os dirigentes sindicais Cedro (de vermelho) e Ubiraney (de óculos) prestam solidariedade aos familiares de Gutemberg

Na entrada de Araçás, placa de responsabilidade social da Petrobrás contrasta com o pouco caso dos gestores da empresa em relação à vida e segurança dos trabalhadores

 

Basta de mortes! 

Os trabalhadores do Sistema Petrobrás atenderam ao chamado da FUP e atrasaram  o expediente nesta sexta, 17, em várias unidades do país. Além do ato na Bahia, houve mobilizações em várias unidades do Sistema Petrobrás, de norte a sul do país. Em São Paulo, os trabalhadores atrasaram em duas horas o expediente nos terminais de São Caetano do Sul e na sede da Transpetro. No Paraná, a mobilização se concentrou em frente à Repar, onde os trabalhadores também aprovaram mais um atraso de uma hora no expediente do dia 30, para pressionar a Petrobrás avançar na negociação dos efetivos da refinaria. Na Usina de Xisto (SIX), em São Mateus do Sul, também houve mobilização.

  

Na Bahia, dirigentes da FUP cobraram mudanças na política de SMS da Petrobrás e solução para os problemas da AMS

Na Repar, no Paraná, os trabalhadores também aprovaram na manifestação atraso de uma hora no expediente do dia 30, por avanços na negociação dos efetivos da refinaria

Na Usina de Xisto, em São Mateus do Sul, no Paraná, os trabalhadores também atrasaram o expediente

No Ceará, os trabalhadores da Lubnor atrasaram em duas horas o início do expediente, assim como na Reman, em Manaus, onde a mobilização também foi em protesto contra os assassinatos de trabalhadores rurais na região. Em Permanbuco, os trabalhadores de Suape e do Center II atrasaram suas atividades em três horas, em memória dos companheiros mortos em acidentes de trabalho e por melhoria na AMS.

 

No terminal São Caetano do Sul, em São Paulo, mobilização contou com 100% de adesão dos trabalhadores

Trabalhadores da Lubnor, no Ceará, protestam contra acidentes na Petrobrás

Em Pernambuco, os trabalhadores atrasam em três horas o expediente no Terminal de Suape

Os trabalhadores do Center II, em Recife, também somaram-se às mobilizações

No Rio Grande do Norte, houve protestos em Natal e em Mossoró, onde o Sindipetro realizou uma operação “marcha lenta”, atrasando a entrada dos trabalhadores. Na segunda-feira, 20, haverá novas manifestações e reuniões setoriais nas unidades da Petrobrás, quando os trabalhadores também debaterão a campanha da PLR. As mobilizações convocadas pela FUP também foram realizadas na Regap, em Minas Gerais, e na Reduc, em Duque de Caxias.

Em Mossoró, no Rio Grande do Norte, os petroleiros realizaram a operação "marcha lenta"

Na Reduc, trabalhdores da manutenção cobraram condições seguras e um basta aos acidentes

A mobilização nacional convocada pela FUP deixou claro, mais uma vez, que a Petrobrás e as empresas prestadoras de serviço devem priorizar a vida e a saúde dos trabalhadores. Além da insegurança e precarização das condições de trabalho, que colocam em risco constantemente a vida dos petroleiros, a categoria sofre ainda a ineficiência dos serviços de assistência à saúde. Nas empresas privadas, os planos oferecidos aos trabalhadores são precários e, quase sempre, de pequena cobertura. Muitos trabalhadores terceirizados sequer têm direito à assistência médica e/ou odontológica. No Sistema Petrobrás, onde a AMS até um tempo atrás era um benefício de referência para os demais trabalhadores, os petroleiros também sofrem uma série de dificuldades em relação ao atendimento, liberação de exames, internações, cobertura, reembolso de procedimentos, entre tantos outros problemas.

O direito à vida, que deveria ser prioridade para as empresas do setor, continua sendo menosprezado, em detrimento dos lucros e da produção. Ter um ambiente seguro de trabalho, uma assistência de saúde de qualidade e uma política de SMS que cumpra o papel de prevenir acidentes e doenças, mais do que um direito da categoria, é um dever das empresas, principalmente aquelas que dizem ter responsabilidade social.