Nesta sexta-feira (24), a FUP e seus sindicatos realizam atos em todas as unidades do Sistema Petrobrás, exigindo segurança, investimentos em manutenção e recomposição dos efetivos. Em vez de gastar milhões com o PCR, para precarizar ainda mais as condições de trabalho, a gestão da empresa deveria garantir o direito à vida
Sete minutos. Esse foi o tempo registrado entre a explosão do tanque de uma das unidades da Replan (SP) e a presença de trabalhadores na área. Cerca de 50 petroleiros estavam executando tarefas nas unidades atingidas pelo acidente da madrugada do dia 20, que deixou os trabalhadores e a comunidade em pânico.
Considerada a mais grave ocorrência da história da refinaria, a explosão foi registrada às 00h51 por câmeras de segurança e vídeos. As imagens, compartilhadas por grupos de WhatsApp, revelam que sete minutos antes, uma petroleira passou pelo local do acidente. Por sorte, os trabalhadores estavam reunidos no restaurante para jantar.
Não é de hoje que a FUP e seus sindicatos vêm alertando a Petrobrás para os riscos de um grande acidente industrial, em função dos cortes de efetivos e da falta de manutenção. Situação agravada pela saída de cerca de 20 mil trabalhadores nos PIDVs e pela reestruturação imposta pelo Estudo de Organização e Métodos (O&M), que reduziu ainda mais os quadros de trabalhadores nas áreas operacionais.
Na mira da privatização, as refinarias se transformaram em bombas-relógio. Desde a implantação do O&M, em junho do ano passado, a Replan já sofreu quatro paradas emergenciais causadas por problemas operacionais. Em novembro, a falha no sistema de ar comprimido causou a emissão de gases altamente poluentes, o que gerou multa de R$ 1 milhão para a Petrobrás. Uma nuvem carregada de combustíveis também foi lançada na atmosfera, o que poderia ter causado uma grande explosão, se houvesse uma fonte de ignição.
O desmonte da empresa reflete diretamente na segurança e impacta os trabalhadores em todas as unidades. A redução de efetivos gerou um déficit imenso de técnicos de operação, de manutenção e de segurança, comprometendo os processos de manutenção. As paradas foram reduzidas e, quando ocorrem, não há o devido acompanhamento dos técnicos da Petrobrás por falta de efetivos. Em vez de realizarem concursos públicos para recompor os quadros da empresa, os gestores apostam na precarização, tentando comprar os petroleiros com um plano de cargos que deixará os trabalhadores ainda mais vulneráveis e expostos a acidentes.
Acesse aqui a edição especial do informativo da FUP
Na Regap, trabalhadores foram atingidos por ácido sulfúrico
No dia 06 de agosto, um grave acidente na unidade de tratamento de água da Regap (U-47) feriu três trabalhadores: um operador e dois técnicos de manutenção. Eles foram atingidos por ácido sulfúrico 98%, após o rompimento da conexão de um Indicador Local de Pressão (PI) durante o teste de uma válvula.
O operador Antenor Cavalcante teve 20% do corpo queimado e continua internado para tratar as lesões de 2° e 3° grau que atingiram suas costas, peito, braço e antebraço esquerdos e parte do rosto. Ele também está com uma lesão reversível no olho direito. Os outros dois petroleiros vítimas do acidente sofreram ferimentos leves.
Na Repar, múltiplas ocorrências
Na Repar (PR), várias ocorrências vêm assustando os trabalhadores, principalmente após a redução de efetivos causada pela implantação do O&M. O setor de Hidrotramento e Reforma Catalítica (HRC) da Casa de Compressores da Unidade de Hidrotratamento de Diesel (U-2313) é um dos mais vulneráveis a acidentes. No dia 28 de fevereiro, houve vazamento de Hidrogênio (H2) e de Ácido Sulfídrico (H2S), o que levou a unidade a ser temporariamente paralisada.
Pesquisa da FUP apontou insegurança
Em pesquisa feita pela FUP e seus sindicatos com os trabalhadores das refinarias, 94% dos 1.180 petroleiros que participaram da consulta informaram que não se sentem seguros nas unidades. Apenas 170 trabalhadores disseram ter tido algum tipo de treinamento sobre os procedimentos de Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis, como prevê a NR-20.
Vidas em vão?
A insegurança crônica que transformou as refinarias em bombas-relógio é a mesma que afeta as plataformas, terminais e campos de produção terrestre, que também estão sendo sucateados e privatizados. O resultado do desmonte é o aumento dos acidentes, que já mataram 14 trabalhadores nestes dois anos de gestão temerária dos golpistas. Em 2018, já são três fatalidades.
+ 07 de fevereiro
O plataformista Marlon Lima Rosendo, 30 anos, morreu em acidente no campo de produção terrestre de Fazenda Bálsamo, na Bahia. Ele era contratado da Braserv e foi atingido na cabeça pela plataforma, que tombou, após o rompimento de um cabo de aço.
+ 09 de abril
José Altamir Ozorio, 63 anos, morreu durante acidente no Terminal de Osório (TEDUT), no Rio Grande do Sul. Ele trabalhava para a Cross&Freitas, empresa que presta serviços de corte de grama para a Transpetro, e foi atingido pela caçamba do trator que operava.
+ 03 de agosto
O mergulhador Athayde dos Santos Filho, 57 anos, morreu durante acidente em um campo de produção da Bacia de Santos. Funcionário da Fugro, ele realizava um mergulho a 170 metros de profundidade para instalação de tubulação da Plataforma de Mexilhão.
[FUP]