“Minha alma é um pouco de bancário”, afirma Lula na festa dos 90 anos dos bancários de SP

 

Sindicato dos Bancários de São Paulo

Os 90 anos de história de conquistas da categoria bancária se misturam com a trajetória do fortalecimento da democracia no Brasil. E foi relembrando os principais avanços garantidos que a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, deu início às comemorações dessas nove décadas de luta, no dia do aniversário da entidade, 16 de abril, na Quadra dos Bancários.

Na mesa composta pelos ex-presidentes Gilmar Carneiro, Ricardo Berzoini, João Vaccari Neto e Luiz Cláudio Marcolino, pelo presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, e pelo presidente da CUT, Vagner Freitas, a presidenta do Sindicato lembrou o mote do aniversário ao chamar o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para participar da festa. “São 90 anos na luta pelo fortalecimento da democracia. Para comemorar essa trajetória, não podíamos deixar de contar com a presença de Lula, pois sua história de vida se confunde com a busca pela democracia em nosso país, consolidada no período em que esteve à frente da presidência da República.”

Lula falou da sua relação com o Sindicato, desde os tempos da retomada. “Em 1978, quando Augusto Campos ganhou as eleições eu estava já no segundo mandato na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos dos ABC, e essa relação perdura até hoje. Tanto que às vezes não sei se sou metalúrgico ou bancário, a minha alma é um pouco de bancário.”

O ex-presidente lembrou que começou a militar ao lado do Sindicato quando a categoria reivindicava até mesmo ser recebida pelos banqueiros. “Eles se davam ao luxo de não receber o movimento sindical. Não recebiam nem pra dizer que não iam dar aumento. Lembro que fazia passeata com os bancários no centro de São Paulo e a Bolsa de Valores fechava com medo da gente. Depois (já em suas gestões como presidente do Brasil) eles nunca ganharam tanto dinheiro”, destacou, afirmando em seguida: “Esse Sindicato é um dos mais importantes do país”.

E louvou a eleição de uma mulher para a presidência da entidade. “A chegada de Juvandia à presidência do Sindicato é um grande avanço. Não faz muito tempo que as mulheres não podiam usar calça ou fumar em público e que sindicato era coisa de homem”, comparou, parabenizando a diretoria executiva do Sindicato por ter 70% de seus cargos ocupados por mulheres.

Crédito – A presidenta do Sindicato ressaltou a luta empreendida pela entidade ao longo da história, para que o sistema financeiro cumprisse o seu papel. “Tivemos grandes avanços no governo Lula e está sendo intensificada no governo Dilma, com a pressão para que os bancos baixem as taxas de juros e ofertem crédito para a população. A participação saltou de 22% para 60% do PIB, o que merece reconhecimento, pois fizemos parte dessa conquista.”

Para Lula, é importante valorizar as conquistas. “Você virou presidenta Juvandia, num momento de ouro do Sindicato. Costumo dizer que o Brasil era um país capitalista sem capital. Todos os bancos, privados e públicos, no Brasil inteiro, dispunham de apenas R$ 380 bilhões para o crédito. Hoje, só o Banco do Brasil, que antes tinha disponível R$ 100 bilhões para crédito, tem R$ 600 bilhões. A Caixa, que tinha R$ 15 bilhões, hoje tem R$ 417 bilhões. Ou seja, saímos de uma economia com R$ 380 bi para crédito, para uma de R$ 2 trilhões. Em 2002, o total de investimentos pelo BNDES era de R$ 37 bilhões. Em 2012, saltou para R$ 152 bilhões. E a gente pode crescer muito mais porque quando se aprende a conquistar, a gente não para.”

Para as pessoas – Lula fez ainda a comparação entre a época das privatizações dos governos neoliberais no Brasil e seus oito anos no poder. “Nós até compramos bancos. Compramos a Caixa Econômica Estadual (Nossa Caixa), sucateada na gestão Serra, compramos 50% do Votorantim, compramos os bancos do Espírito Santo, de Santa Catarina, do Piauí, que iriam ser privatizados.”

E destacou a força dos trabalhadores em seu governo: “desde que assumi a presidência nunca mais esse Sindicato deixou de ter aumento acima da inflação. É muito importante que as instituições financeiras tenham lucro, mas parte desse lucro tem de ser investido nos trabalhadores. Tem de cuidar da pessoa”.

O ex-presidente falou da sua categoria e lembrou que nos 20 anos que antecederam seu governo, os metalúrgicos haviam perdido 1 milhão de postos de trabalho. Esse montante foi recuperado em 10 anos de PT na presidência.

“E qual foi o ‘milagre’ que fizemos?”, questionou.  “A salvação deste país foi o mercado interno. Foi criar condições para que a maioria da população pudesse ter conta bancária, pudesse comprar um carro, sua casa, viajar de avião para o exterior”, afirmou, citando ainda os 40 milhões de brasileiros que foram elevados para a classe média. “O povo recuperou a autoestima, o Brasil melhorou, é respeitado lá fora, não é mais o cachorrinho vira-lata que costumava ser.”

O ex-presidente encerrou seu discurso desejando que a categoria bancária amadureça cada vez mais. “E que conquiste mais, que faça com que valha a pena ser bancário e que mostre que as máquinas devem ser substituídas por essa máquina superior que é o cérebro humano.”