Militares querem retirar um pedaço do território da Cúpula dos Povos

Rede Brasil Atual

Evento da sociedade civil paralelo à Rio+20 e que deverá reunir cerca de 30 mil pessoas por dia no Rio de Janeiro entre 15 e 23 de junho, a Cúpula dos Povos sofreu um revés a apenas dois dias do início da montagem de suas tendas, escritórios e estandes no Aterro do Flamengo, local previsto para sua realização. Na segunda-feira (28), a coordenação do evento foi informada por telefone que o Comando Militar do Leste (CML) havia decidido retirar parte do território da Cúpula, situado no entorno do Monumento aos Pracinhas, que passará a ser ocupado pelos militares.

A informação foi muito mal recebida pelas organizações, redes e movimentos sociais que integram o Grupo de Articulação (GA) da Cúpula dos Povos. Agora, os ambientalistas esperam reverter a decisão dos militares em uma reunião, marcada para amanhã (30) a pedido do comandante do CML, general Adriano Pereira. Se a diminuição do território no Aterro do Flamengo for confirmada, a Cúpula dos Povos deverá soltar uma nota pública comentando a decisão do CML.

Segundo o que foi passado por um assessor do general no telefonema à coordenação da Cúpula, o espaço ao redor do Monumento aos Pracinhas será utilizado pelo Exército, pela Marinha e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e servirá para o aquartelamento de tropas e veículos que poderão ser eventualmente utilizados para garantir a ordem ou conter distúrbios na orla do Rio durante a Rio+20.

Em uma nota curta enviada a alguns jornais, o Serviço de Comunicação Social do CML informa que “a área compreendida pelo Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial (MMIIGM), localizado no Aterro do Flamengo, será utilizada para o apoio às tropas do Exército e da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que estiverem operando naquela área, por ocasião do evento Rio+20”.

Segundo um integrante da Cúpula dos Povos, que prefere não se manifestar oficialmente antes da reunião com o CML, a retirada de parte do território do evento às vésperas de sua realização, se confirmada, será encarada como um gesto político contra a sociedade civil brasileira. Em busca de apoio, segundo esse integrante, a Cúpula teria procurado o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que ainda não se manifestou oficialmente.