Em uma Avenida Paulista tomada por mais de 20 mil manifestantes que saíram em sua defesa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso contundente na noite desta quinta-feira, 20, contra a perseguição política que vem sendo vítima e a agenda de retrocessos imposta pelo golpe. Como em diversas outras capitais do país, o ato reuniu manifestantes e lideranças sociais em defesa do Estado Democrático de Direito e contra as reformas e ataques do desgoverno Temer. Ao final da manifestação, o ex-presidente saiu carregado pelo povo, aos gritos de “Lula guerreiro do povo brasileiro”.
Em seu discurso, Lula não conteve a ironia ao explicar porque sua condenação é uma sentença política. “Foram num banco da Suíça procurar o Lula e acharam o Aécio”, declarou, ao falar sobre a falta de provas contra ele. “O problema deste país não é o Lula, é o golpe. É o presidente que eles colocaram no lugar da Dilma, sem que ele tivesse disputado a eleição”, frisou. “Nós temos que nos preocupar não é com o que está acontecendo comigo. A gente tem que se preocupar é com o que está acontecendo com o nosso país e com o povo brasileiro. Acontecendo com milhões de trabalhadores, que já perderam o emprego. Com milhares de jovens que não têm perspectivas de emprego”, afirmou o ex-presidente. “Este país só vai ser consertado quando tivermos um governo com credibilidade”, afirmou.
Lula criticou a situação de deriva em que se encontra o Brasil. “Esse país tá sem autoridade, sem credibilidade. O judiciário já não cumpre sua função de garantir a constituição. Nós sabemos que o presidente não manda nada. Que o congresso não governa para o povo desse país. Como não conseguem me derrotar na política, eles querem me derrotar com processo. É todo dia um processo, um depoimento”, afirmou.
Mais uma vez, ele desafiou os procuradores da operação Lava Jato. “Por favor me desmoralizem, mostrem uma prova. O que não pode, é pra me perseguir acabar com a indústria desse país, com a Petrobras, com o emprego”, afirmou, ressaltando que “o Poder Judiciário já não cumpre o seu papel de garantir a Constituição”.
Lula voltou a pedir eleições gerais como solução para a crise política do País. “Se o Temer tivesse um mínimo de compromisso com o povo brasileiro, ele renunciaria hoje e chamaria eleições diretas em caráter emergencial”, disse o líder petista.
“Eleição sem Lula é fraude”
Os atos em defesa da democracia e contra as reformas do governo golpistas reuniram milhares de manifestantes em várias capitais do país. Na Avenida Paulista, nas ruas do centro histórico de Salvador, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e em diversas outras cidades, os manifestantes entoaram cânticos e palavras de ordens, com batuques e bandeirões, criticando a agenda de reformas do governo Temer e, sobretudo, protestando contra a perseguição política ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado sem provas pelo juiz Sergio Moro. “Eleição sem Lula é fraude” foram as palavras de ordem que mais estamparam as faixas e cartazes das manifestações.
No ato de Salvador, o coordenador do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, destacou a participação popular na manifestação. “Uma importância gigantesca realizar esse ato em todo o país e também aqui na Bahia, contra as reformas e em defesa da democracia e do direito do nosso companheiro Lula disputar a presidência”, ressaltou. “Querem nos tirar o direito de eleger um presidente da República e um Congresso que de fato nos represente. E por isso precisamos estar nas ruas para pressionar o TRF do Rio Grande do Sul para que não condene o Lula, para que ele se torne candidato e represente o povo brasileiro”, afirmou o petroleiro.
Na Avenida Paulista, a recém eleita presidenta da UNE, Marianna Dias, disse que “hoje é mais um capítulo da luta em que o povo ocupa as ruas do Brasil para dizer que o povo não aceita os ataques à democracia no nosso país. O Judiciário condenou o Lula sem provas e de forma injusta. O Brasil não é um país onde o povo abandona sua nação. Por isso, estamos nas ruas para defender Lula e a democracia. Não queremos reforma trabalhista e da Previdência, queremos novas eleições”.
‘Defender Lula é defender qualquer brasileiro de ser condenado sem provas’,
Na Cinelândia, praça histórica de manifestações do Rio de Janeiro, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) foi incisiva: “Nós defendemos Lula porque ele é alvo de uma operação à direita, golpista, e condená-lo sem prova significa dar sequência a esse projeto contra o Brasil”, afirmou. “Esse ato de denúncia de uma condenação sem provas e solidariedade a Lula, na verdade, é essencialmente um ato de defesa da democracia. Hoje defender Lula é defender qualquer brasileiro que não pode ser condenado sem provas”, alertou a parlamentar.
Com informações da Mídia Ninja, Brasil 247 e Rede Brasil Atual | Fotos Ricardo Stuckert, Mídia Ninja e CUT-BA