Milhares em SP manifestam solidariedade à Palestina livre e exigem o fim do apartheid de Israel

Milhares de pessoas tomaram as ruas de São Paulo neste sábado (19) para exigir o imediato fim dos massacres na Faixa de Gaza, sob ataque dos aviões e tanques de Israel desde o último dia 7, período em que mais de 250 palestinos já morreram e 1.500 ficaram gravemente feridos ou mutilados, grande parte mulheres, idosos e crianças. A intensificação da campanha global por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) ao Estado sionista foi apontado como uma questão chave, uma vez que o Brasil tem ampliado os acordos com empresas israelenses, até mesmo na área militar.

Concentrados em frente à Rede Globo – emissora acusada de ser cúmplice do genocídio palestino ao acobertar os crimes sionistas -, os manifestantes saíram em passeata até a frente do consulado de Israel com faixas, bandeiras e cartazes contrários à carnificina.  

Para o presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI) e secretário de Relações Internacionais da CUT, João Antonio Felício, “a imprensa brasileira precisa parar de mentir, pois o que acontece na Palestina não é uma guerra, mas um massacre, o assassinato de um povo por parte do governo israelense”.

Da mesma forma que o regime de segregação racial foi derrotado na África do Sul com o cerco aos produtos do apartheid, acredita João Felício, “é preciso organizar um amplo boicote aos produtos sionistas para isolar Israel, inclusive cortando relações diplomáticas, como já estão fazendo vários governos”. “Vamos fazer uma lista de produtos de capital israelense para que não sejam consumidos. Mais do que uma denúncia, esta será uma ação concreta, solidária. Chegou a hora de derrubarmos todos os muros que separam os povos, seja o que separa a Palestina de Israel ou o México dos EUA. Precisamos de relações harmoniosas e solidárias. Para esta construção contem com o apoio do movimento sindical”, asseverou o presidente da CSI.

FORA INVASORES!

“Estamos aqui para exigir o fim dos bombardeios e a imediata retirada das tropas de ocupação de Gaza”, afirmou Júlio Turra, membro da Executiva Nacional da CUT e um dos coordenadores do ato, manifestando “solidariedade ao povo palestino, que desde 1948 luta pela sua sobrevivência e pela construção de seu Estado nacional, um direito que é negado pelo imperialismo, que protege o sionismo assassino”. De acordo com Júlio Turra, a agressão atual não é um fato isolado, “mas um capítulo da limpeza étnica iniciada há 66 anos, quando da criação do Estado de Israel em terras palestinas”.

A faixa de ­­­­Gaza é atualmente a área mais densamente povoada do mundo, com 1,5 milhão de habitantes confinados em apenas 360 quilômetros quadrados, submetidos a um bloqueio assassino que a converte em um gigantesco campo de concentração a céu aberto.

Da mesma forma que em Gaza, a população civil na Cisjordânia também sofre com a política de “punição coletiva”, só que de outra forma: demolição de casas, mais de cinco mil presos políticos, roubo de água e cortes de energia elétrica que transformam a vida num verdadeiro inferno.

Diante do “consulado assassino”, o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Emir Mourad pediu um minuto de silêncio pelas crianças vítimas da agressão israelense. “Neste momento eu peço a todos os judeus do mundo que se livrem do sionismo, que é contrário à própria essência do judaísmo. Em nome da alma destas crianças, Israel fora da Palestina!”, enfatizou.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, denunciou a “complacência e a cumplicidade do governo dos Estados Unidos e do Conselho de Segurança da ONU com a brutal investida israelense”. “Em de

fesa da democracia e da autodeterminação dos povos, somos todos palestinos”, enfatizou.

A presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, frisou ser inaceitável o fato do Estado sionista utilizar como argumento para a invasão a morte de três jovens soldados/colonos israelenses, sem qualquer comprovação de autoria, em circunstância não esclarecidas. “O fato é que a Humanidade não aceita mais o regime de apartheid e nem desculpas esfarrapadas do Estado terrorista de Israel para se chegar à paz”, disse.

“Nós sabemos qual a realidade vivida pelo povo palestino, por isso viemos participar, ao lado dos nossos familiares, para mostrar que o Brasil diz não aos crimes de Israel”, declarou Naval Khalil, que se somou ao ato junto aos dois filhos. Com a filha nos ombros e o menino de mãos dadas, Naval disse acreditar “na força da pressão internacional para que a justiça, enfim, prevaleça”.

Entre outras organizações e partidos estiveram presentes a Via Campesina Brasil, Quilombo Raça e Classe, Marcha Mundial de Mulheres, PCdoB, PSOL e PSTU. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) participou com uma grande delegação.

Fonte: CUT