O projeto de reativação da Telebrás incomoda os donos da mídia que não querem perder o poderoso latifúndio que detêm…
Com informações dos blogs de Luís Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorin e Luis Nassiff
É mais do que evidente que a mídia tenta amenizar as crises do DEM – corrupção no Distrito Federal, prisão do Arruda, renúncia do vice Paulo Otávio; caos na prefeitura de São Paulo, cassação do Kassab – e insiste em tratar superficialmente e sem senso crítico a omissão e total inoperância do governo tucano em São Paulo. Agora, de forma escancarada, os jornais Folha de São Paulo e O Globo tentam desviar a atenção dos leitores para um factóide que tem por objetivo bombardear o projeto do governo federal de levar a banda larga a milhares de brasileiros sem acesso à internet. O projeto de reativação da Telebrás incomoda os donos da mídia que não querem perder o poderoso latifúndio que detêm no mercado nacional de comunicação. Isso é o que está por trás das manchetes factóides da Folha de São Paulo, que, rapidamente, foram repercutidas por outros jornais e demais meios de comunicação comandados pelos donos da mídia.
Leia abaixo outras versões dos fatos, publicadas nos blogs dos jornalistas Luis Nassif, Luis Carlos Azenha e Paulo Henrique Amorin:
Sobre a surra que os fatos deram na Folha de S. Paulo
Atualizado em 23 de fevereiro de 2010 às 23:33 | Blog Vi o mundo
por Luiz Carlos Azenha
A Folha de S. Paulo acaba de tomar mais uma surra dos fatos. A denúncia que o jornal fez, em primeira página, com manchete de ponta a ponta, não resistiu nem mesmo ao ciclo de 24 horas. O tema parece confuso e, nesse caso, a confusão favorece o acusador.
O jornal apresenta uma fórmula simples no seu caldeirão de maldades: juntar uma bruxa (José Dirceu), o nome de um paraíso fiscal (Ilhas Virgens Britânicas), um dado chamativo (um empresário gastar 1 real para comprar participação em uma empresa) e mistura bem misturado com fantasias, como a lenda de que o negócio "renderia" ao empresário esperto um lucro de 200 milhões de reais (sem qualquer prova ou documentação, assim, no chute).
O problema é que as premissas da denúncia são falsas: 1) como esclareceu a Advocacia Geral da União, "a retomada desse patrimônio, por via judicial, não gerou direitos aos sócios da Eletronet ou qualquer outro grupo empresarial privado", ou seja, se José Dirceu recebeu 620 mil reais para gerar um lucro de 200 milhões de reais que não existe, ou ele é muito esperto, ou o empresário que pagou a ele para não ganhar nada é trouxa; 2) o ponto 7 da nota da AGU — "a eventual reativação da Telebrás não vai gerar receitas ou direitos de crédito para a massa falida da Eletronet, seus sócios, credores ou qualquer grupo empresarial com interesses na referida massa falida" — derruba a premissa da Folha de que a reativação da Telebrás pelo governo Lula de alguma forma beneficiará o empresário que pagou consultoria a José Dirceu.
O que me leva a concluir:
1) A Folha errou inocentemente;
2) A Folha tem interesses escusos nos negócios da banda larga;
3) A Folha faz campanha eleitoral;
4) A Folha serviu ao DEM e ao PSDB para jogar uma cortina de fumaça no inferno astral de José Serra.
Façam suas apostas.
Denúncia da Folha é desmentida pelo Estadão
24/02/2010 – 08:19 publicado no blog Luís Nassif Online
1. Ontem matéria do notório Márcio Aith denunciou que a decisão do governo de recuperar a rede de fibras óticas da Eletronet – massa falida administrada pela Justiça do Rio – permitiria a Nelson Santos, ex-acionista, receber R$ 200 milhões. E relacionava essa operação com a consultoria que lhe foi prestada por José Dirceu.
2. Os fatos foram amplamente desmentidos no decorrer do dia. Mostrou-se que seria impossível qualquer pagamento a Nelson, já que o governo retomou a rede de fibras óticas da empresa e as pendências remanescentes são com os credores, não com os ex-acionistas.
Hoje, o notório Aith volta ao tema, não toca mais no assunto Nelson Santos. Substituiu o escândalo anterior por um novo: a operação, na verdade, destinava-se a permitir a Oi, em conluio com o governo, assumir a rede da Eletronet.
É outro factóide desmentido pelos fatos: o governo quer que a Telebras se incumba da rede de banda larga, contrariando os interesses das operadoras. Quais os dados objetivos que fundamentam a acusação de Aith? Nenhum. Ou melhor, uma tentativa da Oi de negociar com os credores da Eletronet. E que não deu certo, porque, segundo a OI, chegou-se a um «impasse comercial».
3. Aí a reportagem do Estadão driblou o controle do aquário e mostrou a razão do impasse comercial: a tentativa da OI foi vetada pela Eletrobras, controlada pelo governo. Com isso, impediu-se a OI de assumir a empresa e o Nelson de embolsar R$ 70 milhões.
Para entender porque a Folha bombardeia a banda larga do governo
24/02/2010 – 10:39
por Luís Nassif, em seu blog
1. Apesar do pioneirismo, da capacidade de se manter na liderança do mercado, da criatividade, 85% da receita da UOL provêm de assinaturas.
2. Trata-se de um cartório sem lógica econômica: para acessar a banda larga de uma operadora, o assinante precisa pagar para um provedor de acesso que nada tem a ver com a operação. Na verdade, já é possível ter banda larga sem o provedor. Mas a maior parte dos usuários não sabe disso.
3. Saindo a rede pública de banda larga, desaparece automaticamente a figura do provedor de acesso – que já deveria ter sido extirpada há tempos, porque é um cartório sem função econômica – inviabilizando a UOL.
Por aí se entende o interesse da Folha em bombardear o projeto de banda larga do governo. O que não se entende é recorrer a manipulações jornalísticas óbvias, sabendo que podem ser desmascaradas na hora pela blogosfera.
Nota Pública da AGU sobre retomada de posse da rede de fibras ópticas pela Eletrobrás
do portal da Advocacia Geral da União
Data da publicação: 23/02/2010
2) A rede de fibras ópticas é de propriedade das empresas do sistema Eletrobrás e foi operada pela massa falida da Eletronet mediante previsão contratual.
3) Para a retomada da posse, a Eletrobrás apresentou caução conforme determinação judicial proferida em junho de 2008.
4) A caução atenderá exclusivamente eventuais direitos de credores da Eletronet e não dos seus sócios.
5) A utilização que vier a ser dada à rede de fibras ópticas não beneficiará a massa falida da Eletronet, seus sócios, seus credores ou qualquer grupo empresarial privado.
6) A retomada desse patrimônio, por via judicial, não gerou direitos aos sócios da Eletronet ou qualquer outro grupo empresarial privado.
7) Eventual reativação da Telebrás não vai gerar receitas ou direitos de crédito para a massa falida da Eletronet, seus sócios, credores, ou qualquer grupo empresarial com interesses na referida massa falida.
Advocacia-Geral da União