Metalúrgicos rejeitam proposta de 7% do Sindipeças

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Mais um grupo patronal que ganhou muito dinheiro com as renúncias fiscais concedidas pelo governo federal desrespeitou os metalúrgicos nesta Campanha Salarial.

Após ter faturado milhões de reais em benefícios fiscais, o Grupo 3 propôs nesta quarta-feira (19) à FEM-CUT apenas 7% de reajuste para a categoria. Em seguida encerrou as negociações.

Isso aconteceu no dia seguinte ao Grupo 2 oferecer só 6% a 6,5% de reajuste, mesmo tendo recebido pelo menos R$ 3,1 bilhões em isenções de impostos.

“Não aceitamos por vários motivos”, disse Wagner Santana, o Wagnão, secretário-geral do Sindicato. “Primeiro porque a decisão do Sindipeças é política, não econômica, e mostra que eles simplesmente pretendem se diferenciar nas negociações”, prosseguiu.

Em segundo lugar, o dirigente considera inaceitável uma proposta tão baixa vinda do grupo que mais se beneficiou com os sucessivos recordes de produção e vendas de automóveis.

“Em julho de 2012, o faturamento do setor de autopeças apresentou alta de 10% em relação ao mês de junho, descontando a inflação”, destacou o dirigente. “As medidas de incentivo do governo refletiram muito mais nesse setor que em qualquer outro”, garantiu.

Para finalizar, Wagnão aponta o motivo que considera mais importante para rejeitar a proposta. “O Sindicato não diferencia trabalhadores”, destacou.

“Como a companheirada de um setor conquistou 8%, os metalúrgicos de todos os demais grupos merecem o mesmo índice, pois todos pagam o mesmo pelo arroz, feijão gasolina e tudo o mais”, continuou o secretário-geral.

“Se o Sindipeças considera os companheiros em seu grupo trabalhadores de segunda classe, O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC não pensa assim e, por isso, não vai permitir o tratamento diferenciado”, concluiu Wagnão.

Algumas das altas fontes de renda do setor além da produção

O boletim das Subseções do Dieese lançado este mês registra que apenas com desoneração na folha de pagamento as autopeças deixaram de pagar impostos no valor de R$ 1,13 bilhões.

Outra fonte de renda adicional do setor veio da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que proporcionou uma renúncia fiscal de R$ 800 milhões no setor automotivo. A maior parte deste valor foi para as autopeças.

Ainda segundo o Dieese, o governo federal vai investir no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Equipamentos um total de R$ 8,43 bilhões na aquisição de equipamentos metalúrgicos.

Entre eles, 8.750 ônibus, 8.000 caminhões, 500 motocicletas e 2.125 furgões ambulância. E, mais uma vez, o grupo de autopeças será o maior beneficiado com essas compras.

Para concluir a produtividade financeira (faturamento por número de trabalhadores fornecidos), segundo o próprio Sindipeças para o setor de Autopeças no período que vai de 2002 a 2011 apresenta um crescimento de 26,7%.

Paralisações prosseguem na base

Os Metalúrgicos do ABC em Campanha Salarial continuam cruzando os braços nas empresas que não propõem 8% de reajuste neste ano.

O índice foi proposto pela Fundição e aprovado em assembleia da categoria, tornando-se referência para todos os grupos patronais da base.

Nos setores em que a proposta é inferior a 8%, os trabalhadores entram em greve para pressionar seus patrões a convenceram seus grupos a subirem as propostas até atingir o índice.

Nos últimos dias, companheiros em diversas fábricas pararam a produção para buscar seus direitos. Teve paralisação na Brasmec, Ifer, Nematec e Metalúrgica Ática, em Diadema; Grundfos e Apema, em São Bernardo; e Faparmas e Mardel, em Ribeirão Pires.