Metalúrgicos do ABC e Mercedes retomam negociações

 

Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da Mercedes-Benz reúnem-se na tarde de hoje (9) para discutir alternativas ao corte de pessoal anunciado pela empresa, envolvendo pelo menos 160 trabalhadores na fábrica de São Bernardo do Campo, onde são produzidos caminhões, chassis e plataformas para ônibus. Na Volkswagen, também em São Bernardo, os metalúrgicos entraram no quarto dia de greve em protesto contra 800 demissões. Na próxima segunda-feira (12), a partir das 7h, o sindicato fará um ato em defesa do emprego, no km 23,5 da rodovia Anchieta, onde está localizada a fábrica da Volks.

Na manhã de hoje, o sindicato organizou um protesto na entrada da Mercedes, com a presença de trabalhadores demitidos e familiares. Os metalúrgicos falam em 244 funcionários que não tiveram o lay-off (suspensão do contrato de trabalho) estendido até 30 de abril, o que para a entidade significa uma quebra de acordo. A montadora diz que 160 empregados não tiveram o contrato prorrogado e aproximadamente 100 aderiram a um programa de demissões voluntárias (PDV).

Segundo o sindicato, vários setores da fábrica (cabine, montagem final, estamparia, revisão, funilaria e logística) interromperam as atividades para participar do ato de hoje. Na última quarta-feira (7), os metalúrgicos fizeram uma paralisação de 24 horas. Além de afirmar que os trabalhadores não podem ser sacrificados por causa de um processo de reestruturação, eles cobram do governo medidas de proteção ao emprego – uma proposta já foi entregue ao Executivo – e de estímulo ao segmento de caminhões.

“A proteção ao emprego garante que nas oscilações de mercado, que são frequentes no setor, o trabalhador não seja atingido no seu bem mais precioso, que é o emprego”, disse o vice-presidente do sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva. “O Programa de Renovação da Frota estimula o mercado de caminhões e retira das ruas veículos mais poluentes e que se envolvem mais em acidentes, pelas estatísticas”, acrescentou. Amanhã à tarde, os demitidos se reúnem na sede do sindicato para discutir os resultados da negociação de hoje entre sindicato e empresa.

Na Volks, a montadora diz que as medidas fazem parte da garantia de um futuro “sustentável” na fábrica de São Bernardo, que tem 13 mil trabalhadores. As dispensas foram comunicadas por carta, durante as festas de fim de ano. A empresa fala em excedente de 2.100 funcionários, o que pode indicar novos cortes. O sindicato também aponta nesse caso um rompimento de acordo e quer estabelecer mecanismos mais duradouros para uso nessas situações, caso do sistema de proteção ao emprego.

“A CUT considera que os trabalhadores não podem pagar pelas crises, pois a solução pelos problemas econômicos não passa pelas demissões e sim pela valorização do trabalho”, diz a central, em nota divulgada hoje, na qual condenou as demissões “arbitrárias” da Volks e o descumprimento, pela Mercedes, do acordo de lay-off.

Na próxima terça-feira, representantes de centrais sindicais se reunirão em São Paulo para, entre outros assuntos, discutir apoio e alternativas que garantam os empregos no setor automobilístico. Em 2014, as montadoras fecharam 12.300 postos de trabalho em todo o país.

Fonte: Rede Brasil Atual