Metalúrgicos debatem futuro da indústria com BNDES

 

Com a situação atual de desmonte da indústria brasileira, emprego industrial em queda, falta de políticas públicas para o setor e as empresas públicas sendo entregues pelo governo, o Sindicato debateu propostas e desafios do desenvolvimento tecnológico com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES.

O encontro foi na reunião do Conselho da Executiva de quinta-feira, dia 30 de agosto. O diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, responsável por Políticas Industriais, Wellington Messias Damasceno, explicou a importância da interlocução com entidades que também debatem a indústria nacional para apontar caminhos.

“Diante desse cenário no País, o Sindicato, preocupado com o futuro da indústria, tem atuado em defesa de políticas de fortalecimento do setor e dos empregos de qualidade. O BNDES tem papel importante no financiamento das empresas e de novos projetos e o estudo de mapeamento da indústria dialoga com a preocupação de futuro da categoria”, afirmou.

“Os setores destacados pelo mapeamento do BNDES têm impacto direto na categoria, com empresas na base do setor automotivo, defesa, petróleo e gás e eólico. A indústria sente os impactos da falta de uma política de conteúdo local, com grandes riscos de fim da indústria nacional e aumento das importações”, continuou.

Mapa da indústria

Os integrantes do Departamento de Bens de Capital, Mobilidade e Defesa do BNDES, o gerente, Luiz Daniel Willcox, e o economista, Thiago Holanda, apresentaram o estudo que identificou os setores da indústria com mais potencial para alavancar a tecnologia no País.

O levantamento foi feito dentro do BNDES por meio da aplicação de dois formulários. Foram identificadas 350 tecnologias em 15 setores, que foram divididas em categorias, analisadas e cruzadas dentro de um mapa tecnológico.

Um dos setores com mais potencial tecnológico é o de petróleo e gás, com as chamadas “fábricas submarinas”, já que a demanda de extração de petróleo no fundo do mar exige o desenvolvimento de novas tecnologias.

Outro setor é o de saúde, com o uso de equipamentos médicos e a nanotecnologia em medicamentos e vacinas. O terceiro é o de aeroespacial e defesa, que inclui a ciberdefesa, ou seja, um sistema de defesa para evitar ataques digitais.

Entre as tecnologias usadas em diferentes setores, estão a biotecnologia, que inclui novos materiais e o etanol; eletrônica e ótica avançadas e manufatura padrão e avançada, que estão diretamente ligadas ao setor automotivo.

O setor de energia aparece com a demanda do desenvolvimento por conta dos carros elétricos. Wellington lembrou que a transição para o carro elétrico é uma das preocupações do Sindicato.

“O motor elétrico demanda muito menos dentro do processo de desenvolvimento do carro, com o fim da fundição e usinagem, por exemplo. Temos que estar à frente da discussão para defender o desenvolvimento e a produção no País e na região”, disse.

Os dirigentes do Sindicato debateram propostas e os desafios. Um deles é como fazer a inteligência ser desenvolvida no Brasil, já que os centros de decisão das multinacionais estão fora.

“A indústria nacional é essencial para o avanço do País, com trabalhadores qualificados e empregos bem remunerados. Mais do que isso, é preciso criar condições para o desenvolvimento da tecnologia como estratégia de País”, concluiu Wellington.

Manutenção de direitos durante negociação

A Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM-CUT) em São Paulo conseguiu uma garantia verbal dos grupos patronais no sentido de manutenção dos direitos enquanto prosseguiram as conversas para renovação da convenção coletiva. “Todos os grupos têm um entendimento firmado conosco de que enquanto persistirem as negociações, eles darão um breque para que o patrão não cometa nenhuma maldade com o trabalhador”, afirmou o presidente da entidade, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, em reunião na semana passada, na sede do sindicato do ABC, em São Bernardo do Campo.

Mas ele acrescentou que isso é uma segurança apenas temporária. “Para ter a garantia é necessário chegar a uma convenção coletiva de trabalho”, lembrou.

Luizão informou que há um grupo, o 10, que tem “ignorado” as negociações. Com setores como lâmpadas, aparelhos elétricos, mecânica e funilaria, esse bloco estaria sobre controle do presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado (Fiesp) Paulo Skaf, candidato a governador pelo MDB. “O dono do pato, o maior financiador do golpe, é o responsável pelo Grupo 10, que não fez nenhuma reunião conosco. Ele, que quer ser governador, pediu o negociado sobre o legislado, mas não tem coragem de sentar para discutir com a gente”, afirmou o sindicalista.

Com os demais grupos, o presidente da FEM-CUT disse que há um “processo avançado de diálogo”, iniciado mesmo antes da campanha salarial. “Estamos ainda tentando emplacar a cláusula que será uma das nossas grandes conquistas, a estabilidade para o companheiro ou a companheira diagnosticado com câncer. Temos insistido o tempo todo que essa é uma questão fundamental para chegar a um entendimento.”

A campanha envolve aproximadamente 200 mil trabalhadores no estado. A data-base é 1º de setembro. Ainda não foi feita proposta econômica.

[Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e do jornal Tribuna Metalúrgica]