Metalúrgicos de Sorocaba decidem iniciar protestos e paralisações nos próximos dias

Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região

Em assembleia na sexta-feira, dia 6, os metalúrgicos da região de Sorocaba decidiram iniciar protestos e paralisações por tempo determinado nas fábricas do ramo a partir dos próximos dias. A categoria metalúrgica está em campanha salarial, o prazo para firmar a Convenção Coletiva dos trabalhadores (data-base) venceu no dia 1º de setembro e ainda não há propostas de acordo com o setor patronal.

O Sindicato não vai divulgar os dias nem as fábricas onde vão acontecer os protestos. “Partimos do princípio de que todas as empresas são, em maior ou menor grau, responsáveis por não termos ainda uma convenção coletiva assinada para os próximos 12 meses. Assim, as paralisações podem acontecer a qualquer momento, em qualquer fábrica”, afirma Ademilson Terto da Silva, presidente do Sindicato.

De acordo com o dirigente, o elemento surpresa é fundamental para que as empresas não tentem esvaziar o movimento, mudando itinerários de ônibus, alterando horários de trabalho, coibindo previamente a participação dos trabalhadores “ou reprimindo manifestações por meio de reforços exagerados na segurança, privada e pública, em portas de fábricas”, explica Terto.

As paralisações podem durar uma, duas ou três horas, ou até mais, conforme o grau de mobilização em cada fábrica. Pode haver uma ou mais paralisações por dia, a partir dos próximos dias, em qualquer empresa que o Sindicato considerar estratégica para forçar os grupos patronais a apresentarem propostas.

Reivindicações

As perdas salariais dos metalúrgicos com a inflação estão acumuladas em 6,07%. O período de apuração da inflação para a categoria é de setembro de 2012 a agosto de 2013. O índice é medido pelo INPC/IBGE.

Mas os metalúrgicos não querem apenas reposição da inflação (os 6,07%). Nas questões econômicas, eles exigem também aumento real de salários e valorização dos pisos salariais.

E além do aumento salarial acima da inflação, a categoria também reivindica redução da jornada de trabalho sem redução de salário, ampliação das cláusulas sociais da Convenção Coletiva de Trabalho e unificação dos direitos dessa Convenção para todos os segmentos do ramo metalúrgico.

Sem acordo por fábrica

“Não adianta a empresa oferecer acordo isolado para resolver o problema dela, enquanto os trabalhadores da vizinha continuam sem reajuste ou garantias sociais. A assembleia decidiu pela solidariedade na categoria”, avisa Terto.

“Os protestos vão continuar até que os grupos patronais apresentem propostas sérias para todos os metalúrgicos filiados à CUT, de todas as fábricas, em Sorocaba e no estado de São Paulo”, acrescentou João de Moraes Farani, vice-presidente do Sindicato em Sorocaba e secretário-geral da FEM.

De acordo com a Federação dos Metalúrgicos, depois do dia 13, se não houver acordos firmados com os grupos patronais, deve haver greve geral na categoria em várias regiões do estado.

Os trabalhadores entregaram a pauta de reivindicações aos grupos patronais há mais de dois meses, no dia 4 de julho.

Negociação estadual

Os empresários metalúrgicos estão divididos em sete grupos junto à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Cada grupo negocia em separado com a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM), que representa 14 sindicatos de metalúrgicos no estado, incluindo Sorocaba. De cada negociação deve surgir uma convenção coletiva de trabalho, que determina os reajustes salariais, pisos salariais e garantias sociais dos metalúrgicos.

“A região de Sorocaba tem muitas empresas representativas na Fiesp e nos sindicatos patronais do setor. Elas poderiam ter ajudado a agilizar as negociações, apresentando proposta de acordo de alcance estadual. Mas não o fizeram até agora”, critica Terto.

Paralisações no ABC

Na região do ABC paulista, onde o sindicato também é filiado à FEM/CUT, os metalúrgicos realizaram uma assembleia no dia 5, e começaram a realizar paralisações de uma ou duas horas em várias fábricas do setor.

Em Sorocaba, ressaltando que não há motivos para os patrões emperrarem as negociações, Ademilson Terto lembrou, na assembleia desta sexta, de vários benefícios concedidos recentemente pelo governo federal. “Neste ano e no ano passado, os empresários tiveram uma série de incentivos do governo, como redução da tarifa de energia, redução da taxa Selic, diminuição do IPI. Agora, na hora de apresentar proposta que contemple o anseio do trabalhador, eles [empresários] ficam chorando de barriga cheia”, completou.

PL 4330

Antes de colocar o encaminhamento em votação, o presidente do Sindicato chamou a atenção dos metalúrgicos para as tentativas dos empresários de tirar direito dos trabalhadores como o projeto de lei 4330, da terceirização, que tramita na Câmara Federal. “Esse projeto, que atende apenas os interesses do capital, quer terceirizar atividades do começo, meio e fim de qualquer setor. Se for aprovado, irá dizimar direitos históricos da classe trabalhadora”, alertou Terto