Metalúrgicos avaliam positivamente greve de 24h no ABC

Vermelho

Oitenta por cento dos 70 mil metalúrgicos aderiram à paralisação de 24 horas no ABC paulista, nos turnos manhã e tarde desta segunda-feira (10). A greve temporária para pressionar as negociações com as empresas foi aprovada em assembleia na noite de quarta-feira (5), na sede do sindicato, em São Bernardo, pela categoria, com data-base em 1º de setembro. A mobilização ocorre em todo o estado de São Paulo, que tem uma base de 206,5 mil trabalhadores.

Segundo balanço divulgado pelo Sindicato dos metalúrgicos do ABC, no final da tarde de hoje, as 50 maiores fábricas da categoria deixaram de produzir e a ação foi positiva, atingindo seu objetivo “de pressionar as empresas a exigirem de seus grupos patronais que apresentem proposta”.

Os metalúrgicos reivindicam 2,59% de aumento real mais o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período (que mede a inflação), totalizando 8%. O índice é similar ao conquistado pelos 35 mil trabalhadores nas montadoras do ABC na campanha de 2011, válido até 2013, que, por esse motivo, não cruzaram os braços.

Dos seis grupos patronais representados pela Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos, da Central Única dos Trabalhadores (FEM CUT-SP), apenas um, o do setor de fundição, não sofreu a greve da categoria, pois uma nova proposta será apresentada na terça (11). Segundo a FEM, os demais setores patronais ofereceram até agora reajustes sem aumento real. Por isso, a Federação reprovou as propostas e deixou claro que não assinará acordo sem aumento real. Não há, por enquanto, nenhuma rodada agendada.

A expectativa do vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, é que a partir de quarta-feira (12) sejam retomadas as negociações com a apresentação de nova proposta, que já poderá ser votada pelos trabalhadores em assembleia no final da semana.

“Durante a negociação acompanhamos a economia e constatamos que já há uma retomada em vários setores, como carros e comércio e que negociamos em um ambiente de melhoria econômica. Nesse contexto, consideramos que é possível chegar a um índice igual ao conquistado para os trabalhadores nas montadoras em 2011”, avaliou Rafael Marques, que relatou ainda que alguns patrões já estão oferecendo o índice reivindicado.

No entanto, frisou que, como não há negociação em separado (a campanha é unificada) as empresas devem procurar seus grupos patronais. Em 2011, a categoria conquistou 10% de aumento, sendo 7,39% do INPC do período mais 2,44% de aumento real.
Caso não haja sinalização de avanço na negociação da pauta, a categoria já acena com uma greve geral por tempo indeterminado.

Outras localidades

Metalúrgicos de outras regiões também estão se mobilizando na campanha salarial deste ano. O Sindicato dos Metalúrgicos de Cajamar vai agendar uma assembleia geral com os trabalhadores ainda esta semana. Em Pindamonhangaba, está prevista uma reunião até o final do dia para definir a adesão à paralisação, que já poderá ocorrer na terça-feira.

Nos municípios de Salto, São Carlos e imediações, os metalúrgicos estão em estado de greve, aprovado em assembleias na semana passada. Dirigentes sindicais de Salto voltarão a se reunir, também hoje, para decidir outros encaminhamentos. Já em São Carlos, os trabalhadores iniciaram nesta segunda protestos nas portas das empresas, que devem ocorrer ao longo desta semana.

Os metalúrgicos de Sorocaba fizeram um protesto em frente à Wobben, hoje, avisando que há possibilidade de paralisação ainda nesta semana.