Metalúrgicos aprovam realização de atos, paralisações e greves como instrumento de pressão da campanha salarial

Cerca de 5 mil metalúrgicos aprovaram, na noite de sexta-feira (4) por unanimidade a realização…

CUT

Cerca de 5 mil metalúrgicos aprovaram, na noite de sexta-feira (4) por unanimidade a realização de atos, paralisações e greves para pressionar os grupos patronais a melhorar a proposta econômica.

Essa ações vão durar toda a semana e estarão a cargo das coordenações das áreas em São Bernardo, Diadema e Ribeirão Pires. "Até agora, somente as Montadoras e o Grupo 3 (autopeças, forjarias e parafusos) fizeram proposta econômica, mas apenas a reposição da inflação, que vai ficar entre 4,5% e 4,7%, e sem aumento real. Os outros grupos nem proposta fizeram", protestou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato.

Ele comentou que os patrões insistem no discurso da crise para negar o aumento real, mas o governo Lula mostrou que o enfrentamento da crise também se faz com o aumento do poder de compra dos salários.

Prazo

Durante as negociações, os metalúrgicos conquistaram avanços nas cláusulas sociais, relatou o secretário de administração do Sindicato, Teonílio Monteiro da Costa, o Barba.

A assembleia deu prazo para os patrões fazerem proposta com aumento real até o próximo sábado (12), quando haverá nova assembleia no Sindicato.

Buscar um ponto de equilíbrio

Uma das questões a serem contornadas nesta campanha é que existem empresas com alta produção, como as montadoras de carros e autopeças que fornecem a eles, e outras que só agora dão sinais de reação na produção, como as montadoras de ônibus e caminhões.

"A Volks está numa posição diferenciada. Somos contrários aos acordos por empresa, como sugeriu a montadora, e queremos um acordo junto com toda a categoria", disse Reinaldo Marques da Silva, o Frangão, coordenador da Comissão de Fábrica na Volks.

David Carvalho, coordenador da Regional Diadema, disse que é preciso encontrar um ponto de equilíbrio. "O parâmetro não é a empresa com recorde de produção, mas também não é a empresa produção baixa, pois assim vamos nivelar o acordo por baixo", afirmou.

Desafios

Na Mercedes, a disposição é de conquistar um bom acordo. "Não vamos abrir mão de aumento real e estamos prontos a lutar com toda a categoria", disse Aroaldo Oliveira da Silva, o Padre Marcelo, coordenador da Comissão de Fábrica.

Para Sérgio Nobre, este é o momento. "Vamos criar clima nas fábricas, vamos nos mobilizar e buscar o aumento real, até mesmo para superar de vez a crise. Nossa categoria é movida a desafios e esta é uma semana decisiva", concluiu.

Autoridade para cobrar aumento real

Carlos Grana, diretor do Sindicato e presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) da CUT, lembrou que, no início do ano, os patrões propuseram a redução de salário como forma de combater a crise.

"Saímos às ruas contra essa proposta e exigimos a redução de preços como forma de impulsionar a retomada da produção, e estávamos certos. Por isso, agora temos autoridade para cobrar aumento real dos patrões", avisou Grana. "O Brasil espera muito dos metalúrgicos do ABC neste acordo", resumiu.

De acordo com José Lopez Feijóo, vice-presidente da CUT, "precisamos fazer um bom acordo, porque ele vai ser exemplo para todo o País".