A unidade da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, determinou ontem (15) a paralisação de suas atividades por tempo indeterminado e pôs todos os trabalhadores em licença remunerada. “Na semana passada, a empresa comunicou que a fábrica toda está de licença remunerada e além disso, disse que não tem como manter o excesso dos trabalhadores que tem e começará a demiti-los nesta semana, através de telegramas”, afirma o diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Segundo o dirigente, a montadora alega que há excedente de trabalhadores devido à conjuntura econômica. “A empresa alega excesso de mão de obra por causa da queda do mercado, o que aconteceu de fato e de forma significativa. Mas acreditamos que tem meios que evitem as demissões. Você pode fazer o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) ou o layoff. Nós não temos uma receita pronta, mas temos vontade para evitar que as demissões aconteçam”, afirma.
A Mercedes-Benz, com 9.500 trabalhadores, comunicou neste mês que deseja demitir cerca de 2 mil funcionários. “Desde fevereiro, 1.400 estavam de licença remunerada. Agora, ela coloca o restante da fábrica e diz que há um excesso de mais de 2 mil trabalhadores. A Mercedez tem responsabilidade social, já ganhou muito dinheiro no Brasil, então, tem que aprender a suportar os momentos de crise”, diz Moisés.
Assembleia nesta quarta
Diante da intransigência da direção da Mercedes em buscar um caminho negociado com o Sindicato e após ter comunicado a parada total da fábrica e a demissão de trabalhadores, a representação dos metalúrgicos na montadora convoca todos para assembleia na Sede, quarta-feira, dia 17, às 10h. Os companheiros começaram a receber telegramas de demissão ontem.
“O nosso objetivo é construir um acordo que preserve os empregos, mas a empresa vem resistindo. Por isso, é importante a presença massiva dos trabalhadores para fortalecer o movimento e mostrar que estamos mobilizados”, afirmou o coordenador do CSE na Mercedes, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max.
Foram quatro dias de atos dos trabalhadores em reação ao comunicado que a montadora divulgou no dia 2 com a intenção de demitir mais de dois mil companheiros considerados excedentes.
A empresa não quer discutir mecanismos para evitar demissões e atravessar o momento, como o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, e o layoff. Após as passeatas internas, foram realizadas duas conversas com a montadora.
“A fábrica insiste a todo o momento que não é possível construir alternativas e que precisa demitir. A união é fundamental contra essa postura intransigente”, concluiu.
Solidariedade Alemã
Os trabalhadores da Comissão de Fábrica em Wörth, na Alemanha, filiados ao IG Metall, enviaram carta de solidariedade aos companheiros em São Bernardo. Também realizaram panfletagem na fábrica de caminhões alemã para conscientizar a importância da luta em defesa do emprego dos companheiros no Brasil.
Com informações a Rede Brasil Atual e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC