O primeiro dia de Fórum Social das Resistências, que acontece em Porto Alegre de 17 a 21 de janeiro, terminou com a Marcha dos Povos em Resistência, que partiu do Largo Glênio Peres no fim da tarde desta terça-feira (17) e seguiu pelas ruas do centro até a Cidade Baixa.
Ao mesmo tempo, no Hotel Embaixador, no Centro, acontecia o debate “América Latina: que caminhos seguir?”, que contou com a participação de Oded Grajew e Chico Whitaker, idealizadores do primeiro Fórum Social Mundial, em 2001. Somaram-se a eles ativistas da Nicarágua, Venezuela, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai e Brasil. A roda de conversa, que se deu grande parte em portunhol, discutiu os rumos seguidos pela esquerda no continente e a necessidade de sair do Fórum das Resistências com um plano de trabalho para os próximos anos. A peruana Marisa Gave, foi enfática ao fazer uma crítica interna à esquerda: “fizemos tudo que podíamos? Eu acho que não. Nós nos consideramos anti-capitalistas, mas não rompemos com ele”. Mais tarde, às 17h, iniciou-se concentração para a Marcha dos Povos em Resistência, no Largo Glênio Peres. Movimentos sindicais e sociais, assim como representantes de partidos políticos compareceram, representando diferentes causas. Entre os participantes, João Carlos Padilha, índio kaingang, reivindicava o reflorestamento e repudiava a indicação de Antônio Toninho Costa, pastor evangélico, para a presidência da Funai. Raul Pont, ex-prefeito e candidato nas últimas eleições para a prefeitura da Capital, citou a importância do fórum com o tema resistências, “visto que os movimentos não foram capazes de impedir que o governo golpista tomasse o poder e colocasse em prática essas medidas que afetarão negativamente o trabalhador” e terminou dizendo que “é hora de internacionalizar isso”.As principais atividades do dia iniciaram às 9h. No auditório da Fetag, o painel “Os desafios da classe trabalhadora diante da ofensiva neoliberal”, discutiu a reforma previdenciária proposta pelo governo Michel Temer (PMDB). Para uma das palestrantes da mesa, a doutora em economia e professora da UFRJ Denise Gentil, “esta reforma atende aos interesses de quatro grupos sociais: os bancos, os proprietários de títulos públicos, os burocratas e bancadas do Congresso”. Segundo ela, “a disponibilidade do Governo Federal no Banco Central do Brasil – Conta Única, em novembro de 2016, era próxima a 1 trilhão de reais líquidos”. “Vocês acham que este é um país que passa por crise fiscal? Este é um país riquíssimo”, provocou aqueles que acompanhavam a atividade.
A marcha iniciou às 18h30 e trancou uma via da Av. Borges de Medeiros em direção ao Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, onde estava previsto acontecer ato cultural. Na chegada à Av. Loureiro da Silva, no entanto, a marcha se deparou com a Feira Modelo, que acontece todas às terças no local. Segundo a organização do evento, os feirantes deveriam liberar o local às 19h para dar lugar à programação do fórum, o que acabou não acontecendo. Depois de cerca de uma hora na Rua José do Patrocínio, a marcha acabou por dispersar. As atividades continuam nesta terça-feira, confira a programação.