Manifestações tomam as ruas do país, garantem conquistas, mas estão sendo apropriadas pela direita

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FUP

As manifestações legítimas dos jovens que tomaram as ruas de várias cidades do país, pela redução das tarifas do transporte público, ganharam contornos nacionais, extrapolando a pauta inicial. Mais do que uma reação contra as tarifas, os protestos mostram que os trabalhadores, estudantes e a sociedade como um todo querem avanços nas políticas públicas e um país com justiça social. A FUP, junto com as centrais sindicais, os movimentos sociais e os partidos de esquerda apoiou as manifestações, incentivando seus militantes a somaram-se ao movimento em defesa da democracia, justiça social e da soberania.

No entanto, após alcançar o principal objetivo da luta que levou milhares de jovens às ruas (mais de 50 municípios anunciaram a redução das tarifas dos transportes coletivos), o movimento se perdeu em uma pauta difusa, negando lideranças e representações e pregando o antipartidarismo. Bandeiras da CUT e dos partidos de esquerda foram queimadas e destruídas nas manifestações de São Paulo e Rio de Janeiro, no dia 20. Panfletos, cartazes e faixas foram rasgados. Militantes agredidos e hostilizados. Alguns só por estarem com camisetas vermelhas.

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“Por trás do apartidarismo e do apoliticismo na realidade há uma postura antiga do Brasil, das nossas elites, que é uma postura golpista contra as conquistas sociais que o processo democrático trouxe ao país, e isso é muito perigoso”, alertou Pedro Serrano, jurista e professor de Direito Constitucional da PUC-SP, em entrevista à Rede Brasil Atual.

Passe Livre suspende atos

Na madrugada de sexta-feira, 21, o Movimento Passe Livre (MPL), que iniciou há 15 dias as manifestações em São Paulo, anunciou que não convocará mais atos, diante da atual conjuntura golpista que começa a ser construída pelos grupos de ultra direita que estão se apropriando das manifestações. “O MPL é um movimento social apartidário, mas não antipartidário. Repudiamos os atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação” da mesma forma que “repudiamos a violência policial”, diz em nota pública.

FUP e movimentos sociais enviam Carta Aberta à presidenta Dilma

Em carta aberta à presidente Dilma Rousseff , a FUP e outras 34  entidades dos movimentos sociais, sindicais populares propõe a realização de uma reunião nacional urgente como forma de "encontrar saídas para enfrentar a grave crise urbana que atinge a maioria das cidades do país".

" As recentes mobilizações são protagonizadas por um amplo leque da juventude que participa pela primeira vez de mobilizações", diz o documento. "Setores conservadores da sociedade buscam disputar o sentido dessas manifestações. Os meios de comunicação buscam caracterizar o movimento como anti Dilma, contra a corrupção dos políticos, contra a gastança pública e outras pautas que imponham o retorno do neoliberalismo".

"O momento é propício para que o governo faça avançar as pautas democráticas e populares, e estimule a participação e a politização da sociedade", conclamam os  movimentos sociais, propondo a realização de "uma reunião nacional, que envolva os governos estaduais, os prefeitos das principais capitais, e os representantes de todos os movimentos sociais". Leia aqui a íntegra do documento.