A morte no último dia 22, de um técnico mecânico que atuava na plataforma P-52, na Bacia de Campos, vítima de problemas cardíacos, volta a colocar em suspeição os procedimentos de atendimento médico da Petrobrás em suas unidades. Foi a terceira morte, em menos de dois meses, de petroleiros que passam mal a bordo na região.
O petroleiro José Carlos da Silva, da empresa Alfa Laval, o mais recente caso de morte em local de trabalho, tinha 65 anos e era cardiopata. Usava medicamentos e mantinha uma válvula. Estava no sétimo dia a bordo e, de acordo com relatos dos colegas, há pelo menos três dias sentia-se mal, queixando-se de falta de ar.
Na terça, 22, por volta das 12h, o trabalhador procurou atendimento, quando foi constatada a necessidade de desembarque. Foi chamado um voo de aproveitamento, em helicóptero comum, que pousou na unidade às 14h30. O petroleiro, no entanto, voltou a passar mal, retornou à enfermaria e passou a aguardar outro voo, de uma aeronave equipada para atendimento médico.
Somente às 16h50 o resgate médico chegou, deixando a plataforma com o trabalhador às 17h15. As informações iniciais são as de que José Carlos morreu durante o voo.
O Departamento de Saúde do Sindipetro-NF acompanha estes casos e avalia que a Petrobrás não atende com a urgência necessária, sendo precária a avaliação médica remota, feita de terra.
“Só em um segundo momento chamaram o helicóptero ambulância. Esse intervalo entre o trabalhador passar mal e o chamado ao aeromédico pode ter sido preponderante. Claro que não sabemos se o trabalhador ainda poderia estar vivo, mas aumentaria muito as suas chances”, protesta o diretor do sindicato, Sérgio Borges.
Questionada pelo sindicato, a área de SMS da Petrobrás afirma que os procedimentos médicos foram corretos no caso, tanto na liberação para embarque de um trabalhador de 65 anos com o histórico de cardiopatia quanto no atendimento.
Os outros dois trabalhadores que morreram recentemente na Bacia de Campos, antes ou durante atendimento médico a bordo, foram João Carlos Pantoja Torres, em P-15, no dia 7 de julho, e Francisco Barros da Silva Neto, em PRA-1, em 31 de julho.
O sindicato também tem chamado a atenção para os impactos das cobranças, medo do desemprego, assédios, baixo efetivo e outras formas de pressão das gerências sobre a saúde dos trabalhadores, que provocam adoecimentos e mortes.
Fonte: Sindipetro-NF