Mais de 800 mil pessoas voltam às ruas contra o golpe e por mudanças na política

São Paulo

Os setores da sociedade contrários ao impeachment, que identificam nesse processo uma tentativa de golpe para derrubar um governo legitimamente eleito e que não cometeu crime de responsabilidade, reuniram centenas de milhares de pessoas pelo país hoje (31), para mostrar que nem todos são favoráveis à retirada da presidenta Dilma Rousseff. Embora façam críticas ao governo e suas políticas, esses movimentos defendem a legalidade e a normalidade democrática, ao mesmo tempo em que cobram medidas para recuperar a atividade econômica e retomar o crescimento. A pauta da Frente Brasil Popular e da Frente Povo sem Medo era clara: em defesa da democracia e dos direitos trabalhistas, contra o golpe e por outra política econômica.

Brasília

As manifestações, que ocorreram em todos os estados e no Distrito Federal, também remetem aos 52 anos do golpe civil-militar que derrubou o governo João Goulart e iniciou um período de ditadura do qual o país só sairia a partir de 1985. O ato realizado na Praça da Sé, na região central de São Paulo, fez lembrar o comício das Diretas Já, em 25 de janeiro de 1984, quando se pedia o restabelecimento das eleições para presidente da República – o que só ocorreria em 1989.

São Paulo

O professor Paulo Sérgio Pinheiro, ex-integrante da Comissão Nacional da Verdade e secretário de Direitos Humanos no governo Fernando Henrique Cardoso, recordou a data e fez críticas ao partido que agora articula a queda da presidenta, anunciando sua saída do governo, no qual permanece com o vice, Michel Temer. “A Praça da Sé lotada novamente é um recado para esse PMDB golpista”, afirmou Pinheiro, de acordo com o site da revista Fórum. Ele lembrou ainda que o ato das Diretas era liderado exatamente pelo PMDB.

Figura presente em todos os comícios daquele período e nas manifestações políticas e eleitorais das décadas seguintes, o cantor e compositor Chico Buarque apareceu hoje no ato realizado no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro, para criticar o golpe. Em rápida intervenção, disse que a manifestação poderia reunir pessoas que votaram ou não em Dilma, e inclusive eleitores decepcionados com os rumos do governo, mas que não se poderia duvidar da integridade da presidenta. Segundo ele, os presentes estavam “unidos pelo apreço à democracia e em defesa intransigente da democracia”.

Rio de Janeiro

Alvo de ataques por suas posições políticas e preferências eleitorais, Chico também lembrou de 1964, vivido por sua geração. “Vocês me animam a acreditar que não, de novo, não, não vai ter golpe”, afirmou aos manifestantes no Rio.

Representantes da classe artística já haviam se reunido pela manhã, no Planalto, com Dilma, para manifestar apoio. O neurocientista Miguel Nicolelis não participou, mas mandou um vídeo com um pedido à presidenta para resistir. “O mundo inteiro sabe da tentativa de se remover uma presidenta sem a legitimidade das urnas, mas por meio de um processo que combina múltiplas formas, que se iniciou na noite do anúncio do resultado das urnas”, afirmou. “Os que insistem no seu afastamento atropelam a legalidade, subvertendo o Estado democrático de direito. Os que tentam promover a saída de Dilma arrogam-se hoje sem qualquer pudor como detentores da ética, mas serão execrados amanhã, não tenho dúvida”, afirmou na cerimônia o escritor Raduan Nassar.

A preocupação com a turbulência política motivou uma reunião do ministro da Justiça, Eugênio Aragão, com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, nesta tarde. “A onda de ódio não pode continuar”, disse Aragão, pedindo também respeito às decisões judiciais. “A Constituição garante aos nossos juízes a independência. Nós temos que garantir que eles julguem a partir de sua consciência e do texto constitucional”, declarou, acrescentando que “não é admissível que se comece a agredir um ministro e suas famílias em razão de opiniões leigas diferentes e, muitas vezes, inspiradas por noticiário deturpado”.

Brasilia

Um dos principais protestos ocorreu no Distrito Federal, onde segundo os organizadores 200 mil pessoas ocuparam a Esplanada dos Ministérios. Grupos saíram de vários lugares da capital e fizeram passeata até a frente do Congresso Nacional.

Em São Paulo, várias intervenções lembravam que a mudança de governo favoreceria interesses econômicos em prejuízo dos trabalhadores. “Não vamos reconhecer o ilegítimo mandato presidencial conquistado por meio de um golpe. (Michel) Temer representa ataques aos direitos trabalhistas, avanço da terceirização, fim das políticas sociais. Por isso banqueiros, empresários e conglomerados de mídia o apoiam”, afirmou o presidente da CUT no estado, Douglas Izzo, referindo-se ao vice de Dilma, cujo partido, o PMDB, decidiu “desembarcar” do governo.

Outros estados

No Ceará, a Polícia Militar estimou em 10 mil o número de manifestantes em Fortaleza.  A concentração começou na Praça da Bandeira. Depois, uma caminhada percorreu as ruas do centro até chegar à praça do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema, próximo à orla da Beira Mar.

Porto Alegre

Em Porto Alegre, também houve críticas ao PMDB, destacando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o vice-presidente da República, Michel Temer. Concentrados no centro histórico da capital gaúcha, manifestantes criticaram ainda o juiz federal Sérgio Moro.

No centro de Salvador, manifestantes cantaram músicas como Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, canção censurada em 1973, durante a ditadura. Em um trio elétrico, uma banda cantava músicas que remetiam àquele período.

Exterior

Vários países também tiveram manifestações contra o impeachment, nas Américas do Sul e do Norte, além da Europa. Em Buenos Aires, pelo menos 150 argentinos e brasileiros marcharam pelo centro, tendo como ponto de encontro a embaixada do Brasil. Militantes da Frente Para a Vitoria (da ex-presidenta Cristina Kirchner) entregaram uma carta de apoio a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Veja o balanço da Frnete Brasil Popular:

AMAPÁ

Cidade: Macapá
31/03: 16h – Centro de Convenções Azevedo Picanço
Org.: 300 pessoas

ALAGOAS

Cidade: Maceió
31/03: 15h – Praça do Montepio
Org.: 4 mil pessoas

BAHIA

Cidade: Salvador –
31/03: 15h- Caminhada da Piedade ao Campo da Pólvora
Org.: 30 mil pessoas

Cidade: Araci
31/03: 8h – Sindicato dos Trabalhadores Rurais
Org. 500 pessoas

Cidade: Feira de Santana
31/03: 15h – Praça do Nordestino
Org.: 3 mil pessoas

CEARÁ

Cidade: Fortaleza
31/03: 15h – Praça da Bandeira (Caminhada até o Centro Dragão do Mar)
Org.: 50 mil pessoas

Cidade: Sobral
31/03: 16h – Arco
Org.: 500 pessoas

DISTRITO FEDERAL

Cidade: Brasília
31/03: 14h – Jornada Nacional pela Democracia – Golpe Nunca Mais (Concentração no Estádio Mané Garrincha), segue até o Congresso Nacional
Org. 200 mil

GOIÁS

Cidade: Goiania
31/03: 17h – Praça Cívica
Org: 2 mil pessoas

MARANHÃO

Cidade: São Luis
31/03: 15h – Praça João Lisboa (Concentração). Ato Político na Deodoro
Org: 1000 pessoas

Cidade: Imperatriz
31/03: 16h – Praça de Fátima
Org. 500 pessoas

MATO GROSSO

Cidade: Cuiabá
31/03: 17h30 – Praça Alencastro
Org. 400 pessoas

MINAS GERAIS

Cidade: Belo Horizonte
31/03: 17h – Praça da Estação
Org.: 40 mil pessoas

PARÁ

Cidade: Belém
31/03: 16h – Praça da Leitura
Org.: 30.000 pessoas

PARAÍBA

Cidade: Campina Grande:
31/03: 15h – Praça Clementino Procópio
Org.: 12 mil pessoas

Cidade: Cajazeiras
31/03: 8h – Praça da Oiticicas
Org.: 1.200 pessoas

PARANÁ

Cidade: Curitiba
31/03: 18h – Praça Santos Andrade
Org. 5 mil

Cidade Londrina
31/03:
Org. 1000

Cascavel
31/03
Org: 5.000

PERNAMBUCO

Cidade: Recife
31/03: 16h – Praça do Derby
Org.: 40 mil pessoas
Interior
Org. 20 mil

PIAUÍ

Cidade: Teresina
31/03: 16h Cruzamento na Av.Frei Serafim c/ Coelho de Rezende
Org.: 1.000 pessoas

RIO DE JANEIRO

Cidade: Rio de Janeiro
31/03: 16h – Largo da Carioca
Org.: 50 mil pessoas

RIO GRANDE DO NORTE

Cidade: Natal
31/03: 15h30 – IFRN Campus Central
Org.: 20 mil pessoas

Mossoró
31/03: 8h30 Lançamento do Comitê UERN pela Democracia (Auditório do DECOM)
31/03: 16h – em frente a Igreja São João
Org.: 3.500 pessoas

RIO GRANDE DO SUL

Cidade: Porto Alegre
31/03: 17h – Esquina democrática
Org.: 80 mil pessoas

Interior
Org. 20 mil

RONDONIA

Cidade: Porto Velho
31/03: 18h- SEEB Sindicato dos Bancários
Org. 100 pessoas

Cidade: Jí-Paraná
31/03: 17h – Praça Matriz
Org: 1000

RORAIMA

Cidade: Boa Vista
31/03: 16h – Praça do Centro Cívico
Org.: 700 pessoas

SANTA CATARINA

Cidade: Florianópolis
31/03: 17h – TICEN
Org.: 3 mil pessoas

Cidade: Joinville
31/03: 18h – Praça da Bandeira
PM: 60 pessoas

Cidade: Chapecó
31/03: 18h – Praça Central
Org.: 550 pessoas

SÃO PAULO

Cidade: São Paulo
31/03: 16h – Canto da Democracia em São Paulo (Praça da Sé)
Org.: 60 mil pessoas

Cidade: Sertãozinho
31/03: 16h – Av. Aléssio Mazer x Antonio Eduardo Tonielo
Org.: 300 pessoas

Cidade: São José do Rio Preto –
31/03: 17h30 – Concentração na avenida Adolfo Lutz
Org.: 150 pessoas

SERGIPE
Cidade: Aracajú
31/03: 15h – Ato Político na Praça General Valadão
31/03: 19h – Artistas Pela democracia (Orla do Bairro Industrial)
Org.: 30 mil pessoas

Fonte: Com informações da Rede Brasil Atual e agências de notícias