Trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) se reuniram, em Assembleia Geral Extraordinária, nesta terça-feira, 27, na sede do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Petroquímica do Estado do Paraná (Sindiquímica-PR) para discutir o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
A assembleia ficou aberta e à disposição de todos, associados ou não. “Aqui todos são trabalhadores, independentemente da função. Todos sustentam suas famílias através de suas atividades na empresa. Participar da reunião de hoje é um interesse de todos nós”, apontou o diretor do sindicato, Gerson Castellano.
A reunião tratou, ponto a ponto, o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2019-2021, bem como a possível privatização da estatal e os prejuízos consequentes para a categoria. Assim como ocorrido na década de 1990, quando os petroleiros lutaram bravamente pela defesa e proteção de seus direitos, o momento atual exige união e apoio de todos.
A diferença na luta em relação àqueles anos está, agora, na situação política. Os trabalhadores petroquímicos estão seriamente ameaçados não apenas pela possibilidade de privatização, mas pelo modo como as tratativas do acordo são recebidas pela justiça e até pela sociedade, enganada pelas falsas narrativas atuais contra a luta sindical.
Frente aos desafios, o coordenador geral da entidade, Santiago da Silva Santos, convocou toda a categoria a aliança para que seja possível avançar nas conquistas de um ACT justo.“Este acordo não é defendido apenas por nós desta sala, mas por mais 80 mil petroleiros espalhados pelo Brasil. A empresa apostou que os trabalhadores não seriam solidários, mas o pessoal entende e respeita nossa luta”, afirmou enfático.
Além de unidade, o avanço do acordo carece de harmonia: “Não estamos sozinhos, mas temos de nos ajudar. Não adianta 80 mil petroleiros nos defender se nós estivermos divididos em relação ao ACT”, completou o coordenador.
A orientação é não ceder ao politivismo empresarial, como ameaças e assédios. “Sei que todos têm necessidades, mas tudo tem limites. Antes havia diálogo, mas hoje isso acabou por questões políticas e nós somos os maiores prejudicados”, finalizou.
Fechando o debate, o secretário de administração, organização e finanças, Otêmio Garcia de Lima, motivou os presentes quanto a força das históricas mobilizações de petroleiros: “Greve não tem que ser tabu. Ela é a única ferramenta que os trabalhadores têm e deve ser usada. É nas greves que a gente avança. Independe de quem assumir a empresa, nós todos continuaremos lá e vamos continuar tendo os mesmos embates. Mas, nosso dia a dia não pode sobrepor ao combate. As mobilizações não são apenas por nós, mas todo mundo”, declarou entusiasmado.
Na avaliação da diretoria do Sindiquímica-PR a assembleia mostrou sua força. “Ontem tivemos a casa cheia e a categoria acompanhou por grande maioria os indicativos do sindicato. Parabenizamos todos pelo entendimento dessa união. Essa é somente uma etapa da luta que teremos, muitas outras virão e precisamos nos manter participativos e coesos para vencer a guerra”, finalizou Santiago.
Nesta quarta-feira (28), a diretoria do Sindiquímica-PR se reunirá no Rio de Janeiro com demais lideranças da categoria para discutir os próximos passos rumo às resoluções do ACT.
Pontos discutidos e votados na assembleia geral extraordinária de 27 de agosto:
- Manutenção da negociação coletiva sobre os pontos divergentes;
Favoráveis: 90%
Contrários: 10%
Abstenções: 3
- Prorrogação dos efeitos do atual acordo coletivo de trabalho enquanto durarem as negociações, demonstrando boa-fé negocial;
Favoráveis: 93%
Contrários: 7%
Abstenções: 1
- Rejeição da 3ª contraproposta da Petrobrás/Araucária Nitrogenados (Fafen-PR);
Favoráveis: 86%
Contrários: 14%
Abstenções: 2
- Aprovação de greve em data a ser definida pela FUP e seus sindicatos, no caso de ataques ao patrimônio jurídico coletivo da categoria, durante o processo negocial.
Favoráveis: 80%
Contrários: 20%
Abstenções: 10
[Via Sindiquimica-PR]