Em greve desde a 0h desta segunda-feira, os petroleiros gaúchos protestam contra as anunciadas vendas da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, e o conjunto de oleodutos e terminais que representam 90% da Petrobras no RS. A categoria teme, entre outros impactos, que mudança gere desemprego, redução de salários, insegurança ambiental, aumento de preços e perda de receita da estatal. A paralisação foi convocada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e é prevista para ocorrer em todo o Brasil.
Segundo o diretor de Finanças, Administração e Patrimônio do Sindicato dos Petroleiros do RS (Sindipetro-RS), Dary Beck Filho, a adesão foi de 85% dos 700 funcionários da Refap. “É para alertar a população porque somente a sociedade pode impedir essa venda”, frisa. Assembleias da categoria indicaram greve até as 23h59min da próxima sexta-feira, dia 29. “É um desmonte o que está ocorrendo. A Petrobras está abandonando o estado”, alerta Beck. Ele adverte que os preços da gasolina e do diesel aumentarão se a venda da Refap, prevista para fevereiro de 2020, se consumar. “Eu desafio a me provarem que o preço vai baixar”, disparou.
Integrante da direção colegiada do Sindipetro-RS, Miriam Cabreira acrescentou que os municípios que possuem ativos de refino e logística vão perder muito com o processo de privatização. “A nova proprietária da refinaria terá autonomia para importar óleo cru ao invés de utilizar o nosso. Neste caso, haverá perda de arrecadação de royalties”, prevê. Segundo ela, as cidades que mais recebem o benefício no estado, Cidreira, Imbé, Osório e Tramandaí, juntas, arrecadaram no acumulado de 2019 até o mês de agosto, mais de R$ 84 milhões, algo que deve mudar com a mudança.
Quanto à arrecadação do ICMS, a situação pode ser ainda pior, conforme Miriam. “O município de Canoas, onde fica a Refap, pode ter uma perda de R$ 150 milhões/ano com a venda”. Dary Beck Filho vai ainda mais longe. “Canoas vai quebrar desse jeito”. Ele esteve com o prefeito Luiz Carlos Busatto em reunião com o governador Eduardo Leite em setembro, cobrando um posicionamento sobre o tema. “Apresentamos os dados, ele se mostrou solidário e disse que formaria um grupo de trabalho para analisar o tema, mas até agora nada foi feito”, relata Beck.
Apesar de não ter ingerência sobre a decisão, em âmbito federal, a opinião de Leite é aguardada pela categoria. Por isso, o Sindipetro vai participar da mobilização de servidores estaduais, hoje à tarde, na Praça da Matriz, em Porto Alegre. “Teremos uma série de atividades esta semana, como doação coletiva de sangue na quarta-feira”, acrescenta o diretor do sindicato.
Na quinta-feira, a entidade deverá escolher um posto de combustíveis para o Ato do Preço Justo. “Pretendemos pagar para as pessoas o desconto que achamos que deveria ser o valor do combustível. Hoje, se cobra R$ 4,50, R$ 4,60. Acreditamos em R$ 3,60 como justo”, diz Beck. No início da manhã de sexta-feira, outra mobilização está prevista, em frente a Refap.
[Via Correio do Povo/RS]