Além de três ganhadores do Prêmio Nobel da Paz, autoridades políticas mundiais e trabalhadores e trabalhadoras do Brasil e de vários outros países já assinaram a petição para que as políticas sociais criadas pelo ex-presidente Lula para combater a fome e a miséria sejam reconhecidas com o Nobel da Paz deste ano.
Esta semana, a petição foi assinada pelo ex-secretário Geral da Anistia Internacional, o senegalês Pierre Sané, que foi membro fundador da Pan-African Foundation PANAF, uma ONG internacional que promove a unificação africana.
Já haviam aderido à campanha, que tem mais de 256 mil assinaturas e pretende chegar a 300 mil, entre outras personalidades, Rigoberta Menchú, indígena guatemalteca do grupo Quiché-Maia, agraciada com o Nobel da Paz de 1992, pela sua campanha pelos direitos humanos, especialmente a favor dos povos indígenas; o egípcio Mohamed ElBaradei, que em 2005 recebeu o Prêmio Nobel da Paz em nome da Agência Internacional de Agência Atômica; e personalidades americanas como a ativista Angela Davis e o ator Danny Glover; o filósofo e ativista Noam Chomsky e sua esposa, Valeria Chomsky; além de parlamentares brasileiros e europeus.
A petição, uma iniciativa do ativista de direitos humanos argentino, Adolfo Pérez Esquivel, agraciado com Prêmio em 1980, foi lançada no início de abril, quando a Justiça brasileira intensificou a perseguição ao ex-presidente. Em menos de cinco horas no ar, o pedido foi assinado por 100 mil pessoas, uma mostra de como a sociedade nacional e internacional interpretou o julgamento e a condenação do ex-presidente, mantido como preso político desde 7 de abril, na sede da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, sem ter cometido nenhum crime e sem provas da acusação de ser proprietário de um imóvel – o tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo – que, na realidade, pertence à empreiteira OAS.
O apoio ao ex-presidente brasileiro, uma das lideranças políticas mundiais mais importantes da atualidade, é o reconhecimento das políticas criadas e praticadas nas duas gestões que foi presidente da República, entre 2003 a 2013. Lula conseguiu aliar desenvolvimento econômico com geração de emprego e renda e tirou mais de 30 milhões de brasileiros da linha da pobreza.
Esquivel, que hoje está com 86 anos, justificou a iniciativa dizendo que, por meio do compromisso social, sindical e político de Lula, foi possível desenvolver políticas públicas para superar a fome e a pobreza em seu país, um dos mais desiguais no mundo.
“A paz não é somente a ausência da guerra, nem evitar a morte de uma ou muitas pessoas, a paz também é proporcionar esperança de futuro aos povos, em especial aos setores mais vulneráveis, vítimas da ‘cultura do descarte’ que nos fala o Papa Francisco”, escreveu o ativista na plataforma change.org, ao explicar os motivos que o levam a mobilizar a comunidade internacional para que Lula receba esse reconhecimento.
Esquivel deverá entregar o abaixo assinado ao comitê norueguês do Nobel da Paz em setembro deste ano. Se você ainda não aderiu à campanha, assine aqui.
Visita negada
No dia 19 de abril a Justiça brasileira impediu Esquivel de visitar Lula, detido em uma sala isolada na sede Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. O ativista veio ao Brasil para manifestar apoio e solidariedade ao ex-presidente e protestar contra a arbitrariedade do Poder Judiciário que não cumpriu com os ritos processuais previstos na Constituição Federal e prendeu Lula mesmo sem ter provas. Na ocasião, o argentino ativista dos direitos humanos confirmou que Lula é sim um preso político do sistema judicial e político brasileiro.
A decisão contrária à visita foi da juíza da 12ª Vara Federal de Curitiba, Carolina Lebbos, responsável pela custódia do ex-presidente. Ela negou, por mais de dez dias, a realização de qualquer tipo de visita e inspeção ao local onde Lula está confinado, causando indignação internacional por sua atitude ditatorial.
O Nobel da Paz, amigo de Lula há mais de 30 anos, voltou ao seu país de origem no dia seguinte, mas deixou uma mensagem de paz tanto ao ex-presidente quanto aos militantes da Vigília Lula Livre, acampados nas proximidades da sede da PF.
Quem é Pierre Sané
Sané foi membro fundador da Pan-African Foundation PANAF, uma ONG internacional que promove a unificação africana. Foi nomeado Secretário Geral da Anistia Internacional em outubro de 1992. Em 1998, liderou a campanha mundial para marcar o 50º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Sob sua liderança, a Anistia Internacional foi amplamente reorganizada com a introdução de planejamento estratégico, avaliação, auditoria interna, angariação de fundos central e resposta a crises.
O Nobel
Criado no ano de 1901 O Prêmio Nobel é uma das mais prestigiadas premiações do mundo. Todos os anos, pessoas que fizeram pesquisas de grande valor para o bem do ser humano em diversas áreas, como Química, Física, Medicina, Literatura, Economia e Paz, são escolhidas e premiadas.
Já foram agraciados com o título a indiana Madre Teresa de Calcutá, o africano Desmond Tutu, o costa-riquenho Óscar Árias, o russo Mikhail Gorbachev, o norte-americano Barack Obama. Até hoje nenhum brasileiro foi contemplado.
[Via CUT]