Por Alessandra Murteira, com informações da CUT e dos Sindipetros
O dia 13 de março marcou a retomada das lutas populares em defesa da Petrobrás e do Brasil. Nos 26 estados do país e no Distrito Federal, milhares de brasileiros tomaram as ruas das capitais, gritando em alto e bom tom que a Petrobrás é do povo e que não permitiremos retrocessos, ataques aos direitos da classe trabalhadora, nem ameaças à democracia. As manifestações também cobraram mudanças na política econômica do governo e uma ampla reforma política, com o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais.
Segundo levantamento preliminar, mais de 200 mil pessoas compareceram aos atos convocados pela CUT, FUP, MST, UNE, Levante Popular da Juventude, entre outros movimentos sociais. O presidente da CUT, Vagner Freitas, avaliou como “extraordinárias” as manifestações desta sexta-feira, ressaltando que “as pessoas que querem se manifestar contra ou a favor do governo ainda têm muito espaço, porque isso é uma democracia”. O líder sindicalista lembrou, no entanto, que a eleição já acabou e que os trabalhadores nas ruas estão dando o recado de que é preciso “acabar com esse terceiro turno”.
O coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, destacou que o “momento que nós vivemos hoje no país é de grande gravidade” e que é preciso “persistência e informação” para enfrentar o avanço da direita conservadora que, com a ajuda da mídia, está “transformando mentiras em verdades”. “Em 2003, a Petrobrás estava no CTI, pronta para ser privatizada. E agora eles ficam falando que a empresa está sendo saqueada”, ressaltou.
O dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile, defendeu novas manifestações e a presença contínua dos trabalhadores nas ruas, como recomendou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há algumas semanas atrás durante o lançamento do manifesto em defesa da Petrobrás, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). “A rua é o único espaço em que o povo pode discutir política. O Parlamento é dos deputados, os palácios são dos eleitos. A rua é democrática e da paz. Quem é violento no Brasil sempre foram os poderosos. A elite que não aceita repartir com os trabalhadores a riqueza e o poder”, declarou Stédile.
Manifestações começaram na quinta
Os atos em defesa da Petrobrás e do Brasil começaram na quinta-feira, 12, com manifestações nas capitais de Rondônia e do Rio Grande do Sul, com participação de mais de 10 mil pessoas. Em Porto Alegre, o ato teve fortes críticas à manipulação da mídia em torno da Operação Lava Jato e às tentativas de golpe da direita. As mobilizações começaram por volta das 6h30 na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, e tiveram continuidade na região central de Porto Alegre, com participação de lideranças sindicais e dos movimentos sociais, como o líder do MST, João Pedro Stédle. Segundo a CUT, os atos no Rio Grande do Sul reuniram cerca de 10 mil pessoas.
Cem mil em São Paulo
Nem mesmo a forte chuva que caiu sobre a cidade de São Paulo nesta sexta-feira, 13, conseguiu tirar das ruas milhares de trabalhadores, estudantes, militantes de organizações populares e defensores da democracia. O ato na capital paulista reuniu 100 mil pessoas. Os manifestantes ocuparam a Avenida Paulista, em frente à sede da Petrobrás, e seguiram pela Rua da Consolação em sentido à Praça da República.
Antes do ato, centenas de petroleiros participaram de uma mobilização na Refinaria de Paulínia (Replan) e vários trabalhadores seguiram depois para o ato no Centro de São Paulo. O diretor da FUP, João Antonio de Moraes, destacou a importância da Petrobrás para a economia brasileira e ressaltou que os casos de corrupção não podem ser distorcidos e usados como forma de inviabilizar a estatal e entregá-la para multinacionais.
“São cerca de 1,5 milhão de empregos que giram em torno da indústria de petróleo. Entregar o pré-sal é um crime. O povo não permitirá que isso aconteça. Para nós, está muito claro que, quem cometeu coisa errada, se comprovado, seja punido. Mas paralisar as empresas, principalmente a Petrobrás, é um crime contra o povo brasileiro. E não permitiremos”, declarou o diretor da FUP.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a manifestação reuniu cerca de 10 mil pessoas na Cinelândia e contou com a participação do coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, e do líder do MST, João Petro Stédile. Antes do início do ato, os petroleiros realizaram uma mobilização em frente à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), com participação de trabalhadores sem terra, que depois seguiram para o Centro do Rio, onde se concentraram no Largo da Candelária.
Ele ressaltou os principais eixos dos atos desta sexta-feira, 13: “Queremos garantir que a Petrobrás continue sendo do povo brasileiro, queremos combater a corrupção, com a aprovação de uma reforma política. E queremos evitar que a crise traga prejuízos aos trabalhadores”.
O coordenador da FUP, José Maria Rangel, lembrou aos militantes que a manifestafção “é mais uma das muitas batalhas que nós vamos ter para enfrentar aqueles que perderam nas urnas e não aceitam”. Ele declarou que o que está em jogo não é uma luta contra o governo e sim o ódio de classe. “Nós aqui hoje reafirmamos o nosso compromisso com a democracia, mas mandamos também um recado para a presidenta Dilma de que nós não vamos aceitar ajuste fiscal no lombo dos trabalhadores”, destacou.
“A Petrobrás não é corrupta”
Na Bahia, o ato convocado pela CUT e pela FUP foi realizado em frente ao prédio da Petrobrás, no bairro do Itaigara, em Salvador, e também na BR 324, na localidade de Menino de Jesus, onde centenas de trabalhadores se manifestaram em defesa dos empregos e dos investimentos gerados pela estatal.
O ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, participou do ato e afirmou que a Petrobrás não é corrupta e que “não se pode confundir o comportamento individual de algumas pessoas com a empresa”. Segundo ele, o que está acontecendo no país é “a tentativa de confundir, de usar a legítima luta contra os corruptos e corruptores para enfraquecer a Petrobrás”.
O diretor da FUP, Paulo César Martin, declarou que “os petroleiros devem ter orgulho de vestir a camisa da Petrobrás, a empresa que mais investe no Brasil e que é responsável por 13% do PIB nacional”. Ele fez questão de afirmar que “estamos lutando contra a tentativa de golpe, mas também contra as medidas provisórias que reduzem os direitos dos trabalhadores”.
De norte a sul, todos em defesa do Brasil
As manifestações deste dia 13 também foram realizadas em Belo Horizonte, Curitiba, Campo Grande, Manaus, Recife, Aracaju, Florianópolis, Fortaleza, Natal, Brasília, Cuiabá, Maceió, Vitória, São Luís, Belém, Macapá, Teresina, Boa Vista e Palmas. Em Minas Gerais, houve ainda mobilização em frente à Refinaria Gabriel Passos (Regap) e no Paraná, na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). Além da CUT, outras quatro centrais sindicais participaram dos atos em defesa da Petrobrás e do Brasil: CTB, UGT, NCST e CSB. Outras entidades que também ajudaram a construir as manifestações do dia 13: MAB, UBES, Levante Popular da Juventude, Consulta Popular, Central dos Movimentos Populares, Movimento Nacional das Populações de Rua, Fora do Eixo e Mídia Ninja, entre outros.
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