Em discurso histórico e emocionante neste sábado, 07/04, antes de se apresentar à Polícia Federal, para cumprir a ordem de prisão política decretada arbitrariamente pelo juiz Sérgio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um chamado à militância para que leve adiante suas ideias e seus sonhos. “Não adianta eles acharem que vão me parar me colocando na prisão, porque eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia. Quando eu parar de sonhar, meus sonhos continuarão pela cabeça de vocês”, afirmou.
Durante mais de 50 minutos, o ex-presidente falou para trabalhadoras e trabalhadores, militantes e lideranças políticas de diversas organizações sociais e partidos de esquerda, que permaneceram junto com ele nas últimas 48 horas, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde iniciou a vida política, como liderança sindical no final dos anos 60. No discurso, transmitido ao vivo pelas redes sociais e pelos canais de TV a cabo, Lula relembrou essa trajetória, citando nominalmente cada uma das lideranças que o acompanharam ao longo de sua vida política.
Lula fez questão de frisar que aqueles que estavam ali devem levar adiante suas ideias e continuar lutando em defesa da democracia e para que o Brasil volte a ser um país para todos. “Tem milhões e milhões de Lulas para andar por mim. Minhas ideias estarão na cabeça de cada um de vocês. Meu coração baterá no coração de vocês. A morte de um combatente não para uma revolução”, declarou.
Ao falar da sua condenação, ele, mais uma vez, reafirmou sua inocência e responsabilizou a mídia pela perseguição política da qual é vítima. “Eu não os perdoo por ter sido tratado como ladrão. Eu não estou acima da justiça. Mas eu acredito numa justiça justa, numa justiça justa que leva em consideração as provas do processo”, afirmou.
Lula mandou o recado para os que acham que ele se abaterá pela prisão injusta e política a que está sendo covardemente condenado. “Eu sairei dessa maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente. O que eu quero provar é que eles que cometeram um crime. O crime político de perseguirem um homem inocente”, declarou. E encerrou seu discurso avisando: “Quantos mais dias eles me deixarem lá, mais Lulas vão nascer neste país. Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera”.
Lula saiu carregado nos braços dos trabalhadores e escoltado pelos petroleiros da FUP, com seus jalecos laranjas, símbolo da resistência de uma categoria que luta diariamente em defesa da soberania nacional. “Vou de cabeça erguida e sairei de peito estufado”, afirmou aos que permaneceram acampados na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, junto com ele. Os petroleiros estavam lá, desde a madrugada de sexta-feira, 06, e seguirão na luta, levando adiante o legado do presidente que fez a Petrobrás tornar-se uma das maiores empresas de energia do planeta, uma empresa voltada para o desenvolvimento da indústria brasileira, gerando empregos e renda para milhões de brasileiros, uma empresa que foi capaz de descobrir e explorar o pré-sal, com tecnologia de ponta desenvolvida pela engenharia nacional.
“A partir de hoje, o Brasil tem um preso político. Nós temos que ocupar as ruas até que o nosso presidente seja libertado. A luta é que vai nos garantir”, afirmou o coordenador da FUP, José Maria Rangel. Os petroleiros já estão desde ontem com um acampamento em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba.
Como disse Lula, não se aprisionam ideias, nem sonhos. É luta de classes e o enfrentamento exige que os trabalhadores brasileiros se posicionem de que lado estão nessa batalha.
[FUP | Fotos: Mariana Bomfim]