Lula: ‘Povo vai ter que escolher entre a democracia e o fascismo’

“Se não tiver impeachment ou o Bolsonaro não for interditado, ele será derrotado pelo povo nas eleições”, disse o ex-presidente, em entrevista nesta sexta, 13, à Radio CBN

[Da Rede Brasil Atual | Foto: Reprodução/CBN]

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as pessoas não devem ter medo da polarização nas eleições de 2022, já que a disputa entre forças antagônicas é algo comum em todos os países democráticos. Ele afirmou que, se for candidato, será o representante da democracia, enquanto o atual presidente, Jair Bolsonaro, será o representante da “antidemocracia”, do “negacionismo” e do “fascismo”.

“O povo vai ter que escolher entre a democracia e fascismo”, disse Lula, em entrevista à rádio CBN de Santa Catarina, nesta sexta-feira (13). Ele afirmou que o eleitores deverão escolher entre um candidato que “quer distribuir livros nas escolas”, e outro que “quer vender arma barata para a população”.

Lula destacou que o Brasil precisa de um presidente “humanista”, “que fale em amor, e não em guerra. Que utilize a palavra paz. Que fale em democracia, e não em ditadura. Para “reconstruir o Brasil”, o ex-presidente defendeu que é preciso voltar a incluir o pobre no orçamento, e o rico, no Imposto de Renda. Segundo ele, essas são ferramentas para fazer a distribuição de riquezas e transformar o país “num Estado de bem-estar social”.

Impeachment de Bolsonaro

Lula também classificou como “grande bobagem” a versão de que ele e o PT não estariam suficientemente engajados nos esforços pelo impeachment de Bolsonaro. O argumento é que o petista preferiria enfrentar Bolsonaro nas urnas, já que as pesquisas indicam que derrotaria o atual presidente. “Não escolho adversário. As pesquisas mostram que eu ganharia as eleições contra qualquer que seja o candidato”, destacou.

Ele destacou que o PT tem pressionado pela abertura de processo de impeachment contra Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Mas quem tem atribuições para tanto é o presidente Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), que é aliado do chefe do Executivo. Além do afastamento, Lula afirmou que Bolsonaro pode ser “interditado” pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em função dos crimes cometidos contra os demais poderes.

“O Bolsonaro colocou o Lira lá porque ele tem sido um parceiro nas votações. E eu não acredito que ele vá pautar o impeachment. Mas o dado concreto é: se não tiver impeachment ou o Bolsonaro não for interditado, ele será derrotado pelo povo nas eleições”, declarou o líder petista.

Sem governo

Lula também afirmou que Bolsonaro “não governa o país, mas já está em campanha”. Ele citou que o atual presidente não cuidou da pandemia. Em vez de montar um “comitê de especialistas” para conter o número de mortos, disse que era “uma gripezinha”, apostou contra o uso de máscaras, e recomendando medicamentos ineficazes. Além disso, Bolsonaro também não cuida do avanço da fome e do desemprego.

“Tínhamos acabado com a fome no país, fato reconhecido pela ONU. A fome voltou, e voltou pesado. Temos, no Brasil, 19 milhões de pessoas passando fome. E 34 milhões em situação de insegurança alimentar, pessoas que não conseguem comer as calorias necessárias todos os dias.”

Lula lembrou que o Brasil tem cerca de 15 milhões de desempregados. O país tem ainda 6 milhões de desalentados, que desistiram de procurar uma vaga no mercado de trabalho, e mais de 30 milhões na informalidade. Ele citou, ainda, a precarização. “Temos a predominância do trabalho intermitente, do bico ou biscate. É assim que está vivendo o povo brasileiro hoje.”

O ex-presidente pontuou que Bolsonaro está “aliado até o pescoço” com a chamada velha política. Ele classificou como “farra do boi” o chamado “orçamento secreto“, que distribuiu R$ 20 bilhões em emendas para deputados do Centrão. Em função desses fatores, e pela sua “incompetência política”, Lula acredita que seu adversário deve chegar ainda mais desgastado até as eleições do ano que vem.