Vestindo uniforme da Petrobrás, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 15, durante ato público organizado pela FUP, centrais sindicais e entidades dos movimentos sociais, no Rio de Janeiro, que os petroleiros não têm razões para andarem de cabeça baixa em função das denúncias feitas contra a empresa. Cerca de dez mil pessoas participaram da manifestação, que começou com concentração na Cinelândia e terminou no início desta tarde com um abraço ao Edifício Sede da Petrobrás.
"Eu quero falar uma coisa de sentimento. Eu fiz questão de colocar essa camisa da Petrobras, porque quando começa a acontecer denúncias da Petrobras, tem gente que fica com vergonha de usar essa camisa", ressaltou Lula, falando diretamente para os trabalhadores que acompanhavam o ato de fora e de dentro da sede da Petrobrás. "Eu falo na condição de um presidente que mais lutou pela Petrobras. Não tenham vergonha dessa camisa. Essa camisa deve orgulhar o povo brasileiro pelo que a Petrobras significa para o Brasil", declarou o ex-presidente.
Lula destacou ainda que "os milhares de trabalhadores dessa empresa não podem ser confundidos com quem fez coisa errada. Quem fez, tem que ser investigado, julgado e, se for o caso, condenado e ir para a cadeia. Quem estiver errado, que pague o preço pelo erro, mas nenhum petroleiro tem que andar de cabeça baixa".
"Eu não acreditava que seria possível tiramos petróleo de 7 mil metros de profundidade. Muita gente dizia que não tínhamos tecnologia, pois estamos hoje tirando mais petróleo que tiramos nos primeiros 31 anos da Petrobras", declarou o ex-presidente. "Fico pensando… quem é que não quer que esse projeto da Petrobras vá adiante? Quem é que não gosta do fato de termos aprovado a partilha do petróleo do pré-sal? Quem é que está contra os royalties para saúde e para a educação? Certamente, não é nenhum trabalhador, nenhum petroleiro. Não é nenhum brasileiro que ama esse país", retrucou Lula.
O ex-presidente lembrou ainda que há políticos que usam o instrumento da CPI para achacar empresários, e brincou, sem citar o nome, sobre um deles que "vivia dizendo que tinha um pedido de CPI no bolso".
O ex-presidente também provocou aqueles que, segundo ele, querem acabar com a Petrobrás. "Eles não se conformam", disse Lula, referindo-se aos feitos da Petrobrás no seu governo e no da presidenta Dilma Rousseff, como a autossuficiência do Petróleo, a descoberta do Pré-sal, a criação de uma empresa estatal para explorar o Pré-Sal, o regime de partilha e a destinação de 75% dos royalties para a educação e 25% para a saúde.
"Se nós fizemos tanto sem o petróleo do Pré-sal, se hoje filho de pedreiro pode virar engenheiro, imagina com o Pré-sal, quando estivermos produzindo quatro milhões de barris por dia. O petróleo é o passaporte para o futuro do Brasil", afirmou.
Em um momento de descontração, Lula chegou a contar que, no dia em que foi informado pela Presidência da Petrobrás de que o Pré-sal havia sido descoberto, conversou com a sua esposa, Marisa, em casa, e disse: "não é possível que a gente tenha nascido com aquele negócio tão virado para a lua". E ainda brincando, afirmou que a "única preocupação foi a de, quando descesse a sonda, fosse encontrado um japonês lá embaixo".
O ex-presidente também fez críticas indiretas aos adversários da presidenta Dilma na corrida presidencial. Numa referência ao programa de governo da candidata Marina da Silva, Lula afirmou que "se tem um cargo que não pode terceirizar é o de Presidente da República", condenando um "programa de governo feito a 500 mãos", que mais parecia "uma colcha de retalhos".
Lula defendeu ainda a política econômica do País, afirmando que há uma crise internacional e que os "especialistas se esquecem", quando falam do PIB brasileiro, de que também há estagnação no G-20 e em praticamente toda a Europa. Sobre a inflação, o ex-presidente afirmou que "está há 11 anos dentro da meta".
Quase no final do seu pronunciamento no ato público, o ex-presidente chamou o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, fez um pedido: o de que a categoria petroleira discutisse mais política. "Não fiquem apenas reivindicando salário. Isso eu sei que vocês têm que fazer, mas também tem que fazer política para continuar mudando esse País", disse.
Fonte: FUP e Sindipetro-NF