Liga Árabe reage à invasão imperialista que está bombardeando a Líbia

Europeus dividem-se e Conselho de Segurança voltará a analisar a situação da Líbia…





Vermelho

A agressão imperialista contra a Líbia já assassinou mais de cem pessoas no país e o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que deu sinal verde para que os EUA, a França e o Reino Unido iniciassem uma nova chacina contra um país árabe, deve reunir-se hoje para analisar o estado atual da coalizão, que não tem o apoio de todos os dirigentes europeus.

O anúncio da reunião acontece depois das críticas da Rússia à resolução adotada na quinta-feira pelo Conselho de Segurança, e a negativa da Alemanha em participar da agressão militar contra a Líbia.

Após a destruição de um complexo habitacional civil em Trípoli, próximo à residência de Muamar Kadafi, os europeus começaram a criticar uns aos outros, no âmbito do pacto militar do Atlântico Norte (Otan), alguns tentando impelir uma ação ainda mais agressiva e outros temerosos com os desdobramentos do mais novo crime de guerra desatado pelo imperialismo.

A França, atualmente a gerente da coalizão internacional, já disse ser contra a Otan assumir o controle, pois teme uma reação do mundo árabe. A Dinamarca, que já tem caças F-16 voando sobre a Líbia, quer ver o pacto militar envolvido o mais cedo possível.

Sem discussão

Luxemburgo, um dos pequenos senhores da guerra da Europa, posicionou-se por meio do ministro de Relações Exteriores, Jean Asselborn, afirmando que qualquer forma de discussão sobre a presença da Otan deve ser abandonada, para que a ofensiva continue seu serviço nefasto. "Seria um mau sinal se a coalizão de franceses, britânicos e americanos levar a intervenção adiante e, quando aparecerem problemas, a Otan ter de intervir", disse o ministro.

Ele também criticou a posição alemã. Berlim se absteve no Conselho de Segurança da ONU e não participa da intervenção. Segundo Asselborn, os membros da UE querem expulsar Kadafi da Líbia o quanto antes, lembrando que a Alemanha destoa deste consenso. "Mas não estou aqui para criticar e sim para constatar este fato", ironizou.

A crítica da Liga Árabe à ação militar contra a Líbia é interpretada pelo ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, como uma confirmação de que Berlim tem razão em sua cautela quanto aos ataques. "As declarações da Liga Árabe mostram que o governo tinha razões para as suas preocupações", disse Westerwelle. O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, havia acusado os bombardeios de não corresponderem ao objetivo, por causarem vítimas civis.

Turquia censura

Westerwelle salientou a recusa do governo alemão em participar da operação militar no país norte-africano. "Não vamos participar enquanto governo nesta missão militar na Líbia", disse. Ele acrescentou que as Forças Armadas alemãs não serão enviadas para a Líbia: "Chegamos à conclusão de que esta guerra traz também riscos significativos, não apenas para a Líbia, mas à região como um todo".

O ministro turco da Defesa, Vecdi Gonul, censurou o papel destacado da França nas operações militares na Líbia. "Temos alguma dificuldade em compreender que a França aja como se fosse o principal executor das decisões das Nações Unidas", afirmou em uma coletiva de imprensa em Ancara. "Ficou bem claro que os Estados Unidos é que detêm o comando."

Grande marcha

Kadafi conclamou nesta segunda-feira os líbios a organizarem uma "marcha verde" sobre Benghazi. De acordo com a agência líbia Jana, o líder do país pediu "uma marcha verde popular estratégica, com ramos de oliveira nas mãos, para impedir a agressão estrangeira".

O líder líbio sublinhou que essa marcha deve unir as várias tribos líbias, provenientes de todas as regiões do país, dirigindo-se até à segunda cidade do país, Benghazi, que até o momento está sob controle dos insurgentes.

Kadafi acrescentou que os manifestantes iriam acompanhados de cidadãos armados, já que "o outro lado também está armado". A intenção da manifestação, informou a Jana, é desarticular os planos da coligação estrangeira para dividir e saquear a Líbia.

Nesta segunda-feira, em meio ao temor dos ataques aéreos estrangeiros, as crianças nas escolas gritavam slogans e empunhavam cartazes a favor de Kadafi. A Líbia celebra nesta segunda-feira o dia da criança, enquanto o imperialismo ataca o país. As crianças empunhavam cartazes com slogans como "Sou uma criança. Não confisquem nossos brinquedos".

Obama, um peso e duas medidas

Em viagem ao Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu sinal verde à agressão contra a Líbia. Ao mesmo tempo, foi bajulado de forma vergonhosa pela mídia brasileira, que se derramou em elogios ao chefe da Casa Branca.

Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz, afirmou que a hipocrisia do imperialismo se manifestou na visita de Obama, quando o estadunidense declarou no Rio de Janeiro ser a favor da autodeterminação dos povos, ao mesmo tempo que seu aparelho de guerra disparava contra civis na distante Líbia.

"A hipocrisia do imperialismo é enorme. Ao mesmo tempo que prega a autodeterminação para os povos, agride o norte da África para intimidar e aterrorizar aqueles que desejam escolher seu próprio caminho", diz Socorro.

"Na essência, a administração Obama é diferente da anterior apenas na retórica. Essa administração conserva o mesmo interesse mesquinho que as outras, ao investir e perpetuar as ocupações do Iraque, do Afeganistão, que agora se espalha para o Paquistão, e agora na Líbia", protesta.

Socorro relatou ao Portal Vermelho que a manifestação dos movimentos sociais no domingo no Rio de Janeiro contra a visita de Obama foi cercada por forte aparato repressivo e alvo de intimidações e ameaças. "Havia cavalaria, tropas do Exército, blindados, helicópteros e atiradores de elite por todos os lados. Na antevéspera, em outro protesto, inclusive 13 militantes foram preso", conta.

"O imperialismo não deseja manter a paz. Quer apenas controlar os recursos energéticos, deixando-os ao dispor de seus interesses. Condenamos com veemência a agressão desses países contra a Líbia, um verdadeiro atentado à paz e ao Direito Internacional", finaliza.