Uma hora antes de ter início à sessão de julgamento do impeachment do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apenas nove deputados do PMDB, 10 do PTB e 10 a 12 do PSB – que fazem parte da base aliada do presidente ilegítimo Michel Temer – tinham registrado presença. O fato foi comunicado pela líder da Minoria na Casa, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), em coletiva à imprensa, quando apontou a ligação entre Temer e Cunha.
A parlamentar, acompanhada de outros líderes partidários, questionou a ausência dos deputados da base, sem saber se “por intimidação, solidariedade ou qualquer outra razão”, mas que sinaliza para a proteção de Temer a Cunha. “Não sei o que Temer teme, sem trocadilhos”, afirmou.
O deputado José Guimarães (PT-CE) , no encerramento da coletiva, chamou atenção dos repórteres para a pergunta: “O Temer vai ou não colocar a bancada dele para votar a cassação do Cunha? “
Para os líderes partidários, existem motivos suficientes para a cassação de Eduardo Cunha. A deputada e presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos (PE), destacou que “Eduardo Cunha tem uma trajetória maculada por muitas denúncias de corrupção.”
O líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), anunciou a presença de 100% da bancada do PCdoB na Casa para votar pela cassação de Cunha , destacando as denúncias que pesam sobre ele no relatório do Conselho de Ética e avaliando que “o arsenal de manobras de Cunha chegou ao limite, ele não tem recursos nem no STF, nem na sociedade e nem nesse parlamento.”
“Temer é Cunha”
O líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florense (BA), disse que “Eduardo Cunha liderou a corrupção na Petrobras; instalou na Câmara um regime de exceção que se antecipou ao regime de exceção no Executivo com o golpe; patrocinou a violência e mentiu na CPI. E existe robustas provas de que ele mentiu.”
E avaliou que “Cunha formou uma maioria na Câmara à base da corrupção e do medo; tentou se blindar chantageando o PT, não conseguiu e abriu o impeachment. Ele surfou em uma onda que morreu. Caiu a máscara. Não é verdade que a corrupção foi patrocinada nos termos em que ele tentou divulgar. Ficou comprovado que ele é quem lidera a corrupção, depois da fala de Jucá que disse e foi gravado por Sérgio Machado: Temer é Cunha.”
Em conversas ocorridas em março passado, o ministro interino do Planejamento, senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que era preciso haver uma “mudança” no governo federal para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.
Votação
Os deputados devem votar, a partir da 19 horas, o parecer aprovado pelo Conselho de Ética da Câmara no dia 4 de junho, que pede a cassação de Cunha por ter mentido em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em maio de 2015, quando disse não possuir contas no exterior.
Cunha está afastado das funções de deputado federal desde maio deste ano e esteve afastado também da presidência da Casa até 7 de julho, quando renunciou ao cargo.
VIA Portal Vermelho