Leia o editorial da FUP: O surbônus, as gerências da Petrobrás e os trabalhadores

Aceitar a volta do surbônus é premiar aqueles que tentaram rifar a Petrobrás e permitir que as gerências se fortaleçam na disputa capital x trabalho…





Imprensa da FUP

O surbônus é uma expressão criada pelos petroleiros na década passada, quando a categoria descobriu que os executivos e a alta gerência da Petrobrás recebiam em surdina escandalosos “bônus por desempenho”, às vezes pagos mais de uma vez ao ano. Uma prática que começou nos anos 90. Os agraciados eram obrigados a manter sigilo absoluto, tanto quanto aos valores, como em relação a quem recebia.

Não é preciso dizer que o bônus era uma forma de recompensar aqueles que faziam o jogo da empresa, os chamados “amigos do rei”. Mas, no início dos anos 2000, os gestores da Petrobrás resolveram estender uma parcela da bonificação para alguns supervisores, coordenadores e consultores, como forma de cooptação. Foi quando os trabalhadores batizaram este escândalo de “surbônus”, um trocadilho bem apropriado com a palavra suborno.

Em 2003, com a mudança de gestão da Petrobrás, após a eleição de Lula, a FUP e os sindicatos barraram o surbônus. O então presidente da empresa, José Eduardo Dutra, assumiu o compromisso de suspender o pagamento de bônus gerenciais e discutir com os trabalhadores uma nova política de remuneração. A reedição do surbônus, além de um retrocesso, é um ataque aos trabalhadores, evidenciando que os gestores da Petrobrás continuam reféns das mesmas gerências que no passado tentaram privatizar a empresa e que não têm compromisso algum com o patrimônio público. Prova disso são os ex-executivos e especialistas que trocaram a Petrobrás pela OGX do magnata Eike Batista, levando na bagagem informações privilegiadas.

É esse tipo de gerente que pressiona os gestores da empresa por mais e mais bônus, enquanto assedia e confronta diariamente o petroleiro que depende da PLR para pagar suas contas. São gerentes, coordenadores e supervisores pelegos, que de tudo fazem para atacar as organizações da categoria e que colocam em risco os petroleiros para cumprir as metas de produção que garantirão seus bônus. Aceitar a volta do surbônus é premiar aqueles que tentaram rifar a Petrobrás e permitir que as gerências se fortaleçam na disputa capital x trabalho.

Portanto, com surbônus, não tem acordo!