Desde que o nome de Pedro Parente foi cogitado para assumir a presidência da Petrobrás, a FUP se posicionou, alertando a sociedade brasileira para os riscos da empresa passar a ser administrada pelo mercado financeiro e não mais pelo Estado. Em carta aos acionistas e ao Conselho de Administração, os petroleiros deixaram claro que o passado de improbidades de Pedro Parente como gestor público não o qualificava para o cargo e denunciaram o Teste de Integridade ao qual foi submetido.
Dito e feito. Parente assumiu a Petrobrás desdenhando do Pré-Sal, principal ativo da companhia. Logo em seguida, passou a defender enfaticamente o projeto de lei do senador José Serra (PSDB) para abrir a operação do Pré-Sal para outras petrolíferas, acabando com a exclusividade da Petrobrás e sua participação mínima de 30% nos consórcios.
Arrotou para o mercado que não admitiria indicações políticas na empresa, mas já chegou rodeado de apadrinhados. Passou a gerir a Petrobrás com a ajuda de executivos da concorrência, que ganharam acesso livre às informações estratégicas da companhia, enquanto os trabalhadores eram submetidos a medidas policialescas.
O desmonte só estava começando. Pedro Parente assumiu pessoalmente o Plano de Negócios e Gestão 2017-2021, reduziu drasticamente os investimentos da Petrobrás e iniciou a maior privatização da história da empresa.
Em outubro de 2016, Parente anunciou ao mercado a nova política de reajustes dos derivados nas refinarias, estabelecendo a paridade de preços com o mercado internacional, sem qualquer mecanismo de proteção para o consumidor. A FUP denunciou que quem pagaria a conta seria o povo brasileiro e que o País estaria refém das crises internacionais de petróleo.
Não satisfeito, Pedro Parente assumiu o compromisso com “a não garantia integral do abastecimento do mercado brasileiro por entender que, em sua lógica de negócios, há a previsão do ingresso de mais agentes para o atendimento total da demanda”, como revela o estudo do Ministério de Minas e Energia, Combustível Brasil.
A redução das cargas das refinarias, a reestruturação dos efetivos de trabalhadores e a entrada em massa no País das importadoras de combustíveis davam as pistas do que estava por vir: o projeto de privatização do parque de refino e da logística de distribuição de derivados.
As digitais de Pedro Parente estão também entranhadas no processo de desindustrialização, agravado pelo fim da política de conteúdo local, uma das mais perversas ações deste governo. Ele atuou diretamente para reduzir a pó a indústria naval brasileira, ao passar a encomendar no exterior as plataformas e equipamentos dos campos do Pré-Sal.
Enquanto o mercado aplaudia o esfacelamento da Petrobrás como medida necessária para reduzir a dívida da empresa, Parente em troca beneficiava o sistema financeiro, que recebeu cerca de R$ 250 bilhões nesses dois anos em que esteve à frente da empresa. Garantiu também mais de R$ 11 bilhões aos fundos abutres norte-americanos, que se refastelaram com o acordo que ele costurou pessoalmente.
Esse é o legado desastroso da gestão Pedro Parente, que a FUP e seus sindicatos vêm denunciando desde 2016. Por isso, a greve dos petroleiros para baixar os preços do gás de cozinha e dos derivados teve como um dos eixos principais sua saída do comando da Petrobrás e mudanças estruturais na gestão da empresa.
Essa luta só está começando. Que fique claro para os próximos gestores que o principal acionista da Petrobrás é o povo brasileiro e não o mercado.
Federação Única dos Petroleiros – FUP