A primeira mesa de debates do 11º Congresso Regional dos Petroleiros sobre a conjuntura do setor petróleo, mostrou que o desgaste da Petrobrás provocado pela Operação Lava Jato é apenas a parte mais aparente de uma disputa muito maior envolvendo a empresa e os interesses internacionais no pré-sal.
Foram debatedores a coordenadora do Sindipetro Unificado-SP e diretora da CNRQ, Cibele Vieira, e o diretor da FUP, da CTB e do Sindipetro-AM, Ademir Caetano. A mesa foi moderada pelos diretores do Sindipetro-NF Marcelo Nunes e Wilson Reis.
Cibele avalia que a queda no valor do barril do petróleo é uma política deliberada para prejudicar países que têm mantido posicionamentos contrários aos Estados Unidos, mesmo sendo estes também prejudicados, na área do xisto, pela redução do preço. “Os EUA perdem no xisto, mas lucram na economia como um todo, pois são os maiores consumidores de petróleo do mundo”, afirma. Segundo ela, os mais atingidos são a Russia, a Venezuela e o Irã.
Neste cenário, o Brasil, que atualmente é o 12º maior produtor de petróleo do mundo, deverá chegar a 5º ou 4º nas próximas décadas, atingindo um novo patamar na geopolítica do setor. Isso, para a expositora, desperta o interesse internacional no pré-sal e provoca a articulação de ataques ao País e à Petrobrás.
“Querem nos fazer pensar que as ações da Petrobrás caíram por causa da Operação Lava Jato, mas elas foram muito mais impactadas por este cenário de disputa internacional”, disse a sindicalista.
Além da disputa específica pelo petróleo, ela também lembrou a reação americana à formação dos Brics, bloco de países formados por Brasil, Rússia, Índia e China, que alteram as relações de poder no mundo.
A disputa pelo pre-sal, assim como a contestação conservadora ao regime de partilha, também foram aspectos destacados por Caetano, que lembrou que os maiores consumidores de petróleo no mundo, que são alguns dos países mais desenvolvidos da Europa e os Estados Unidos, não produzem ou não são autossuficientes na produção do produto.
Ele também avalia que uma mudança de posição da Rússia em relação ao tema contribuiu para o acirramento da disputa no setor, por meio da pressão pela desvalorização do preço do barril. “Depois da queda do muro de Berlim, a Rússia se aproximou dos Estados Unidos, mas, mais recentemente, tem assumido posições mais autônomas, como mostra com a participação nos Brics”, avalia.
Assim como Cibele, o sindicalista destacou que o Brasil está se tornando um ator mundial cada vez mais importante na área do petróleo, e que esta relevância está por trás dos ataques à Petrobrás. “O Brasil vai para a primeira divisão do campeonato mundial do petróleo”, ilustrou Caetano.
O Congrenf começou nessa segunda (1) e se encerra amanhã com a Eleição dos delegados para a Plenafup 2015.
Fonte: Sindipetronf