Castello Branco anunciou que plataformas projetadas para operar no Campo de Búzios, a maior reserva de pré-sal do país, serão batizadas com nomes de militares que conduziram guerras inglórias, como a do Paraguai, que matou 50 mil brasileiros e 252 mil paraguaios
[Da imprensa do Sindipetro Unificado SP]
Ao longo da história recente, cada sociedade tenta imortalizar seus ícones, que na maioria das vezes fazem parte da elite econômica e social, por meio de símbolos. Recentemente, após o assassinato do norte-americano negro George Floyd por um policial branco, houve a ascensão em todo o mundo do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), que passou a contestar várias dessas alegorias.
A primeira e mais marcante delas foi a estátua do traficante de escravos Edward Colston, em Bristol, na Inglaterra. No dia 7 de junho, manifestantes antirracistas a jogaram no rio que corta a cidade. De acordo com estimativas, Colston transportou aproximadamente 84 mil homens, mulheres e crianças como escravos da África Ocidental para o Caribe e Américas.
O Estado brasileiro, por sua vez, anunciou que pretende resgatar figuras nacionais do século 19 para ilustrar ativos da sua maior riqueza ativa e potencial – a Petrobrás. Em entrevista para comentar o prejuízo de R$ 2,7 bilhões apresentado no balanço do segundo trimestre, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, afirmou que a ideia é homenagear “heróis nacionais, que estão no panteão brasileiro”.
Duas plataformas, uma em fase de construção e outra de projeto, devem ser batizadas com os nomes dos militares Francisco Manoel Barroso da Silva (1804-1882) e Joaquim Marques Lisboa (1807-1897).
Francisco Manoel Barroso da Silva, conhecido como almirante Barroso, e Joaquim Marques Lisboa, lembrado como almirante Tamandaré e patrono da Marinha, têm em comum no currículo a participação na Guerra do Paraguai (1864-1870). No total, essa guerra matou aproximadamente 50 mil brasileiros e 252 mil paraguaios – cerca de 60% da população do país naquele momento.