“O que a Petros puder ajudar para melhorar a vida das pessoas nós vamos fazer”, afirmou Henrique Jäger, diante de um auditório lotado de participantes e assistidos dos Planos Petros do Sistema Petrobrás, em Campos
[Da imprensa do Sindipetro NF | Fotos: Luciana Fonseca]
A resolução do problema do equacionamento é um dos três eixos descritos pelo presidente da Petros, Henrique Jäger, como prioritários da sua nova gestão na Fundação. O compromisso foi reafirmado na última sexta-feira (15/09), em encontro de Jäguer com a categoria petroleira, a convite do Sindipetro-NF, no auditório do Sindicato dos Bancários, em Campos dos Goytacazes.
“A questão do déficit, que está sendo negociado neste momento, tem um grupo de trabalho, isso também é uma preocupação que nós temos, tem vários pontos que vou estar discutindo, mas também eu quero ouvir. Tem muitas angústias, eu sei que os participantes têm passado por muitas dificuldades, e o que a Petros puder ajudar para melhorar a vida das pessoas nós vamos fazer”, disse à Imprensa do NF.
O papel da Petros, segundo ele, no enfrentamento desse problema é o de oferecer suporte para a categoria. “O maior problema de todos são os equacionamentos. Como é que a Petros pode atuar nesse processo: no grupo de trabalho assessorando, a gente tem lá técnicos da Petros assessorando nas discussões”.
O presidente da Petros afirma ainda que é necessário o aporte de recursos pela Petrobrás: “sem esse aporte de recursos, a Petros sozinha não consegue resolver o problema do equacionamento. A gente vai até gerar superávits no futuro, mas não na escala que dê para resolver o problema do equacionamento, essa é a questão. Para resolver o problema do equacionamento, a Petrobrás vai ter que colocar dinheiro, com base nas dívidas antigas dela, e isso está em negociação nesse momento. Então o papel da Petros é colocar todo o corpo técnico à disposição desse grupo para facilitar essa negociação entre os representantes dos trabalhadores e a Petrobrás”.
O executivo afirma que, por enquanto, a Petros não tem base legal para suspender ou postergar o equacionamento, mas isso também está em discussão. Ele lembra da necessidade disso ser feito com muita cautela, para que não signifique um aumento do déficit e um problema ainda maior para a categoria, como ocorreu entre 2017 e 2018 e foi gerado um déficit de R$ 8 bilhões.
Petros mais próxima
Outro eixo descrito pelo presidente da Petros, durante a sua explanação aos trabalhadores, é o da aproximação da Petros dos participantes, assistidos e patrocinadores, com a retomada do atendimento presencial até o início de 2024 e criação de representações nas bases, por meio dos sindicatos e associações. Atualmente, explica, há uma grande distância da Petros em relação à categoria, assim como falta de transparência acerca dos seus números e ações.
“É a retomada da Petros mais perto do participante, do assistido. A gente está lançando um programa, no final do mês agora, Petros Mais Perto de Você, essa vai ser uma marca da nossa gestão, dessa nova oportunidade que estou tendo de estar de volta à Petros. A entidade está muito distante do participante. A gente vai abrir o atendimento presencial, a gente vai voltar com atendimento itinerante, vamos voltar aqui a Campos, não só eu, a diretoria, com outras pessoas, para fazerem o atendimento, conversar com os participantes, isso vai ser uma nova realidade”, afirmou.
Jäger destacou a escolha da base do Sindipetro-NF para abrir essa sequência de contatos com a categoria petroleira. “Estou inaugurando aqui hoje, foi um pedido do sindicato, a primeira base que estou visitando, fiz questão de vir aqui nessa primeira base, sei da importância dela e por conta disso é que estou aqui hoje e vou conversar com o pessoal do nosso projeto, das nossas ideias, do que a gente vai implementar, mas um dos eixos fundamentais é aproximar a Petros do participante, do assistido”.
Governança e investimentos
O terceiro eixo é o da governança. Na exposição à categoria, o presidente lembrou da sua trajetória profissional, em grande parte focada na área de governança, com passagens em conselhos de grandes empresas brasileiras, entre elas o Banco do Brasil. O executivo se comprometeu a aumentar a transparência, por meio dos contatos com a categoria e com a criação de um “portal da transparência total”.
“A política de investimentos que foi construída nos últimos anos, e a gente vai manter, que tem como foco a imunização, para garantir que você não tenha mais problemas com investimentos, então a rentabilidade está garantida, mas se tem aí uma discussão do passivo, que está sendo discutido nesse grupo, aí nós não temos capacidade de decisão, são os trabalhadores e a Petrobrás no Grupo de Trabalho, que é o aporte de recursos”, explicou.
Após a sua fala inicial, o presidente respondeu a diversas questões levantadas pelos participantes do encontro no Sindicato dos Bancários, esclarecendo sobre problemas passados pela Fundação em gestões anteriores e sobre os caminhos para a resolução do déficit.
Pressão da categoria
Tanto Jäguer quanto as lideranças sindicais presentes entendem que a questão é muito mais política do que técnica, passando pela continuidade da pressão exercida pela categoria, junto à Petrobrás, para que faça os aportes necessários para sanear o déficit, assim como manter a participação cada vez maior dos trabalhadores na gestão da Petros.
“Vamos enfrentar, de forma organizada, com protesto, com atos, com ações judiciais, com greve, com o que for, para a gente conseguir acabar com esse equacionamento e fazer os aportes que são necessários ser feitos na Petros, vindo esse dinheiro da Petrobrás, pra gente diminuir esse sofrimento dos aposentados, das aposentadas, das pensionistas, e a gente conseguir virar essa página de um período tão difícil que a gente tem enfrentado”, afirmou o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.
O coordenador do Departamento dos Aposentados, Antônio Carlos Alves, o Tonhão, lembrou que, além de resolver o problema do presente, é preciso preparar a Petros para o futuro: “São somas bilionárias, estamos conversando aqui em buscar uma solução de uma equação em que ela [a Petros] tem um déficit de R$ 42 bilhões, não é coisa simples, sendo que pela 109 [Lei Complementar de 2001], 21 bilhões para um lado, 21 bilhões para outro, é algo absurdamente grande, não é pequeno. Mas para nós não interessa somente resolver esse problema agora. Se fosse para resolver só o agora seria mais fácil. Nós temos é que buscar uma solução para o futuro. Nós não podemos ficar expostos”.