Em meio às comemorações do aniversário do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) lança nesta quinta-feira (1º) a campanha #MoroMente, ação que visa explicar os crimes cometidos pelo ex-juiz no âmbito da Lava Jato.
Desde o dia 9 de junho, o site jornalístico Intercept Brasil vem, em parceria com outros veículos de comunicação, divulgando diálogos do procurador do Ministério Público Federal (MPF) Deltan Dallagnol com Moro, e outros membros da força-tarefa da operação, obtidos por fonte anônima.
Nas conversas, Moro atua como chefe dos membros do Ministério Público Federal, rompendo o sistema acusatório, como quando aparece orientando o procurador para a inclusão de uma prova contra um réu, sugerindo testemunhas a serem ouvidas pela força-tarefa, cobrando periodicidade na realização de ações, verificando petições antes de serem incluídas no processo, opinando sobre delações premiadas, além de combinar investigações junto aos procuradores, o que não é nada normal para um operador do direito, segundo a entidade.
Isso porque, a despeito das acusações que pesam sobre seu trabalho, Moro, para se defender, alega não reconhecer as mensagens, quando não diz que pode ter comentado ou ainda que as mensagens foram adulteradas. A ABJD, no entanto, considera as justificativas de Moro mentirosas, principalmente, de acordo com a entidade, quando ele afirma que mesmo que o conteúdo seja verdadeiro, não há nada de ilegal nos termos das conversas.
No primeiro vídeo da campanha #MoroMente, o juiz de Direito da Vara de Execuções Penais do Amazonas, Luís Carlos Valois, destaca que não é correto o contato regular e com tanta influência de um juiz sobre procuradores. “Ele mente e atinge toda a magistratura”, afirma Valois. “É um comportamento a ser investigado, que indica parcialidade e interesse no processo, no mínimo”.
Diante das ações de Moro e dos integrantes do MPF, diversos juristas irão com a campanha mostrar à população quais foram as violações, o tamanho da gravidade da conduta de Moro e os crimes cometidos pela Lava Jato. Além das explicações à sociedade, a ABJD cobra ainda uma resposta dos órgãos competentes, como a Corregedoria do Ministério Público Federal, para apurar a atuação dos envolvidos no escândalo.
No dia 19 de agosto, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, no centro de São Paulo, juristas denunciarão em ato público a conduta do agora ministro da Justiça.
[Via Rede Brasil Atual]