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“Nós estivemos diante da morte”
“Devemos em primeiro lugar agradecer a DEUS, em segundo lugar agradecer a DEUS e em terceiro lugar também agradecer a DEUS”.
Escolhi apenas estes dois depoimentos, dentre muitos que me chamaram a atenção na reunião da CIPA da Plataforma P-20, para demonstrar os momentos de terror que os trabalhadores da unidade que fica localizada no Campo de Marlin na Bacia de Campos, viveram no último dia 26 de dezembro quando um incêndio de graves proporções atingiu as instalações. A Petrobrás lamentavelmente ainda insiste em chamar de incidente.
Fruto de uma conquista da categoria na nossa campanha reivindicatória de 2011, os dirigentes sindicais garantiram a sua participação a bordo das unidades marítimas nas reuniões de CIPA, e foi isso que fiz no dia de ontem (04-01) ao embarcar na P-20.
Visitar a área do grave acidente foi o ponto de partida da reunião, para que os visitantes pudessem ter a dimensão dos momentos difíceis que a valorosa equipe da plataforma passou.
Cabos queimados, ferros retorcidos, tanques estufados e rompidos e acima de tudo, o mais grave: trabalhadores abalados e assustados,porém orgulhosos de terem cumprido o seu “dever” de naquele momento salvar vidas, foram companheiros na essência da palavra. Todo cenário apresentado me fez lembrar por alguns instantes, guardadas as devidas proporções, de Enchova em 1985 quando fiz o meu primeiro embarque na Petrobrás e a unidade ainda se encontrava com fortes vestígios da tragédia de 84 onde 37 trabalhadores morreram.
Vários foram os fatores que impediram que uma tragédia, ceifando vidas, ocorresse em P-20: tempo de resposta rápido do nosso pessoal (próprios e terceiros) sendo que muitos inclusive nem eram da brigada; chegada rápida do FIRE FIGHTERS (rebocador de apoio) pois os focos de incêndio iam se multiplicando e os valorosos trabalhadores que estavam no combate já começavam a perder as forças; e por que DEUS É BRASILEIRO!
Não vou me atrever a indicar a ou as causas do grave acidente de P-20, pois uma comissão composta com vários participantes, tendo a CIPA e um representante do sindicato( também conquista do nosso acordo coletivo) já está apurando o ocorrido, mas não posso me furtar a dizer que pelo que vi, se normas, procedimentos, diretrizes, valorização da CIPA e acima de tudo prioridade da vida em relação a produção fossem respeitados, este e outros acidentes seriam evitados.
O que falta então: VONTADE POLÍTICA E CORAGEM PARA MUDAR!
É incrível a resistência da Petrobrás em admitir que a sua maneira de fazer segurança só está gerando in segurança , não entendo que seja tão difícil enxergar que os trabalhadores tem e devem ser ouvidos na elaboração e execução de qualquer política de segurança , não se gesta nenhuma política de segurança no ar condicionado e nem de “ouvi dizer”.
Várias comissões de apuração de acidentes estão em curso (Refinarias e agora P-20) , pode ser que o momento seja oportuno para estas comissões apontarem tudo que está acontecendo de errado , sem nenhum pudor em atingir este ou aquele gestor , que o que tem que mudar é a política e uma boa demonstração de que se quer mudar , é não colocar pressão ou prazos “incumpríveis” (olha o Magri ai!) para retorno das unidades a sua operação.
Estarei solicitando , exemplo do que fizemos nos acidentes das Refinarias , reunião extraordinária da Comissão de Saúde , Meio Ambiente e Segurança do Conselho de Administração , para tratar do grave acidente de P-20 , pois afinal GENTE É O QUE TEM QUE INSPIRAR A GENTE!