Rede Brasil Atual
O jornal do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região foi alvo de apreensão na noite deontem (4). Um policial militar e uma oficial de Justiça estiveram na sede da entidade, no centro da cidade, com ordemde busca e apreensão da Folha Bancária, e de arrombamento, “se necessário”. A ameaça de arrombamento foi confirmada por prestador de serviço de uma das subsedes da entidade visitadas pelos agentes.
A operação foi resultado de uma representação encaminhada pela coligação do candidato José Serra (Avança São Paulo – PSDB, PSD, DEM, PV e PR) à Justiça Eleitoral. A ação alega que o jornal da entidade contém matéria que “denigre” a imagem do candidato tucano a prefeito de São Paulo. A concessão de liminar foi assinada pela juíza Carla Themis Lagrotta Germano. Alguns jornais procuraram o sindicato para repercutir a movimentação antes mesmo de a ação de apreensão começar.
O jornal trazia entre suas reportagens uma que analisava as principais candidaturas à prefeitura de São Paulo. Edeclarava o apoio da maioria da direção executiva da entidade a Fernando Haddad (PT). Segundo dirigentes da entidade, Haddad foi o único dos postulantes a receber o documento Agenda da Classe Trabalhadora e a se comprometer com pontos do texto relacionados a reivindicações de interesse dos trabalhadores elaboradas pelo movimento sindical.
“O sindicato tem quase 90 anos e sempre defendeu a liberdade de expressão. Desde o ano passado estamos fazendo o debate, com os bancários, do que afeta a vida dos trabalhadores. Além da campanha salarial e por melhores condições de trabalho, somos um sindicato cidadão, que se preocupa com a cidade, o estado e o país. Sabemos da importância desse debate”, afirma a presidenta da entidade, Juvandia Moreira. “Os trabalhadores têm direito a analisar as propostas dos candidatos. Pode haver divergência, mas repudiamos a censura e sempre lutamos pelo fortalecimento da democracia”, ressalta a dirigente, lembrando que a Folha Bancária coloca em prática o bom jornalismo. “Só não pudemos noticiar o plano de governo de um dos candidatos que não tem seu material divulgado nos sites oficiais da campanha.”
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, a ação agride o direito de informação dos trabalhadores. “Todos os veículos se expressam e respeitamos. Defendemos a liberdade de imprensa, o direito à livre manifestação e foi isso que colocamos em prática. É o nosso ponto de vista, podem concordar ou discordar, mas não censurar”, ressalta o dirigente. “A democracia pela qual tanto lutamos não prevê que só um segmento da sociedade que é privilegiado pela imprensa comercial convencional tem o direito de se expressar.”
Não é a primeira vez que o PSDB investe contra a liberdade de expressão dos trabalhadores. A Revista do Brasil foi alvo de censura desencadeada por ações do partido em 2006 e em 2010, quando trazia material jornalístico a respeito dos processos eleitorais em questão – a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva e a eleição de Dilma Rousseff. Recentemente, o candidato Serra agrediu verbalmente um repórter da Rede Brasil Atual que tentou entrevistá-lo durante uma atividade de campanha. O tucano, depois de se recusar a responder uma pergunta incômoda, chamou o jornalista de sem-vergonha.