Nesta terça-feira, 17 de abril, quando completa dois anos do golpe que destituiu Dilma Rousseff da presidência da República, movimentos populares organizados pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizam um dia nacional de luta, com protestos nas ruas e praças do país e ocupações da Rede Globo para denunciar sua participação no golpe de 2016 e nas manobras para tirar o ex-presidente Lula do processo eleitoral de 2018.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também realizou ocupações e manifestações para denunciar os 22 anos de impunidade do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 sem-terra foram assassinados no Pará, em 1996. Desde então, o dia 17 de abril se tornou um marco na luta pela Reforma Agrária.
“Temos a responsabilidade de denunciar a violência e a impunidade que vive o campo brasileiro”, destacou Débora Nunes, da coordenação do MST. “A impunidade dos casos de violência contra os camponeses, camponesas e defensores dos direitos humanos estimula o aumento do número de mortes, ameaças e perseguição”, explicou.
Segundo a coordenadora do MST, as ações em todo o país também demarcam a posição contra a criminalização dos movimentos populares. “Temos visto de maneira recorrente o uso de forças policiais para reprimir as lutas políticas por direitos do povo, que cada vez mais é afetado pelas medidas neoliberais do golpe que estamos vivendo. Nas ruas e em movimento, reafirmaremos que lutar não é crime, seja no campo ou na cidade”.
Dados divulgados pela CPT, afirmam que somente nesses dois anos do período golpista, foram assassinados mais de 100 trabalhadores do campo, lideranças camponesas e indígenas, no Brasil. “São esses dados que colocam todos os lutadores e lutadoras a lembrarem e resistirem em memória aos que tombaram em Eldorado e em luta contra a violência e a impunidade, ainda presentes nos dias de hoje”, afirma a militante.
OCUPA A REDE GLOBO
Movimentos e organizações populares realizaram protestos em frentes às sedes da Rede Globo e de suas afiliadas em várias regiões do país.
Os atos foram organizados pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e fazem parte do dia nacional de lutas em “Defesa da democracia e pela liberdade de Lula”, que marca os dois anos do golpe midiático, parlamentar e jurídico que destituiu a presidenta Dilma Rousseff.
Os manifestantes denunciam a participação da emissora no golpe de 2016 e no esforço para tentar criminalizar o ex-presidente Lula, condenado num processo viciado, cuja manipulação midiática dos veículos de comunicação dialogava diretamente com as estratégias jurídicas de juízes de primeira e segunda instâncias de Curitiba, no Paraná, convictos de que Lula era culpado mesmo sem conseguirem provar.
Para Elder Reis, do Levante Popular da Juventude e diretor da União Nacional dos Estudantes, a Rede Globo cumpre um papel protagonista na consolidação e aprofundamento do golpe e da perda de direitos. “É importante seguir denunciando o papel que a Rede Globo tem cumprindo nesses dois anos, contribuindo para que a vida do povo brasileiro seja precarizada, e para a entrega dos nossos recursos naturais para as grandes empresas estrangeiras”, diz Elder.
Pela manhã, as manifestações foram realizadas na Bahia, no Mato Grosso do Sul, em Alagoas, no Rio Grande do Sul e em Brasília. Outros protestos estão previstos para acontecer ao longo do dia.
Acompanhe aqui, minuto a minuto, as manifestações contra esses dois anos do golpe
[Com informações da CUT e do Brasil de Fato | Fotos: Brasil de Fato e Mídia Ninja]