Jirau: Após inspeção, CUT denuncia que usina ainda mantém trabalhadores em condições precárias

A delegação cutista constatou que alguns operários terceirizados que prestam serviços à Camargo Corrêa permanecem hospedados sem qualquer estrutura…





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Na tarde dessa quarta-feira (23), dirigentes da CUT estiveram na usina de Jirau, em Rondônia, e comprovaram a denúncia de que ainda há trabalhadores no canteiro de obras em condições precárias.

A delegação cutista constatou que alguns operários terceirizados que prestam serviços à Camargo Corrêa, responsável pela construção de hidrelétrica, permanecem hospedados sem qualquer estrutura. Muitos estão apenas a roupa do corpo e sem utensílios de higiene, já que durante confusão na semana passada os objetos pessoais foram queimados junto com os alojamentos.

Por conta da exigência do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Rondônia (Sticcero), filiado à CUT, e do Ministério do Trabalho, a maior parte dos operários retornou à região de origem e receberá licença remunerada enquanto as obras não forem retomadas. Porém, esse grupo ligado à prestadora de serviços Enesa Engenharia continua no canteiro de obras.

Para o secretário de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom), Luiz Carlos José de Queiroz, o local deve ser interditado. “Hoje (quinta-feira, 24) nós fizemos uma reunião com participação da CUT, do Ministério Público, do Ministério do Trabalho e de representantes da Camargo Corrêa e decidimos que essa comissão fará uma nova inspeção nesta sexta (25). Pelos documentos que mostramos ao superintendente do Trabalho, inclusive com imagens comprovando o desrespeito às mínimas condições necessárias, acredito essas atividades também serão suspensas”, aponta.

Processo de diálogo
De acordo com Rodrigo Melo Nogueira, superintendente do Trabalho e Emprego em Rondônia, nesse momento está em discussão o retorno às atividades de um grupo de 1500 funcionários alojados na margem direita do Rio Madeira, cujos alojamentos não foram afetados pelos incêndios. Segundo ele, os demais apenas retornarão quando os canteiros oferecerem condições adequadas.

Desde sábado (19), as conversas prosseguem com o sindicato, com a CUT e com a Camargo Corrêa, mas ele aponta que os terceirizados seriam responsabilidade de Enesa.

Em Brasília, o presidente da CUT, Artur Henrique, dialoga com o governo federal e as associações empresariais do setor de construção civil para elaborar um pacto nacional que exija e garanta condições dignas de trabalho e remuneração para trabalhadores contratados em obras do PAC e outras financiadas com dinheiro público, como é o caso de Jirau e Santo Antônio. Clique aqui para ler sobre o encontro da Central com o governo.

Santo Antônio segue em luta
Uma comissão formada por representantes da CUT, do Sticcero e por operários da usina Santo Antônio negociaram com representantes da Odebrecht, responsável pela construção dessa hidrelétrica, uma proposta de volta ao trabalho. Apesar da pauta ter sido aprovada em assembleias que reuniram um total de cinco mil pessoas dos turnos da manhã e da noite, parte dos trabalhadores mantiveram a greve.

O motivo seria a falta de uma resposta concreta da empreiteira a dois pontos que são considerados prioritários para esse grupo: o aumento da cesta básica de R$ 110 para R$ 330 e a chamada baixa por retorno aéreo. Atualmente, o acordo coletivo define cinco dias de descanso para cada 120 que permanecem na empresa, sendo o retorno realizado de ônibus, fazendo com que boa parte dos dias para convívio com a família acabem consumidos na viagem. A exigência é mudar para 10 dias a cada 90 de serviços prestados e com retorno por via aérea.

Além desses, outros 20 itens como a melhoria nos alojamentos, a mudança no plano de saúde e a equiparação de condições de trabalho e salários para todos os trabalhadores que exerçam a mesma função estão presentes na pauta protocolada nesta tarde (24) junto à Odebrecht.

Convenção nacional –Queiroz acredita que boa parte desse problema seria resolvido se houvesse um acordo nacional para a categoria. “Aqui mesmo em Santo Antônio, quem é da Odebrecht tem acesso ao local de trabalho pelo ônibus, quem foi contratado pelo consórcio (Consórciio Santo Antônio Civil) vai de escada. Nossos companheiros recebem um valor hoje para realizar um serviço, amanhã é outro, além de muitas fazer um serviço para a mesma empresa em lugares diferentes sem que tenha os mesmos direitos garantidos. Situações como essa apenas reafirmam a necessidade de construir uma convenção coletiva nacional ramo construção e montagem”, defende.

O processo capítulo dessa história deve ser construída na Justiça, visto que a Odebrecht ingressou com uma liminar para acaba com a greve. “O Sticcerofez todo o processo legal para evitar a greve, mas o diálogo não avançou com a empresa. Nossos companheiros irão lutar até o fim. Estamos aqui para apoiar essa batalha”, diz o dirigente da Conticom.

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