(…) “O senhor não sabe como é acordar todo dia com medo de a imprensa estar na sua porta, achando que você vai ser preso”, disse Lula ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite. Segundo o ex-presidente, há uma “perseguição” contra ele nas investigações que apuram o esquema de corrupção da Petrobras e há alguém “instigando” que delatores falem seu nome nos acordos de colaboração com a força-tarefa da Lava Jato.
Lula foi questionado sobre sua profissão: “torneiro mecânico”, retrucou. E, sobre sua renda líquida mensal, disse que recebe aposentadoria, no valor de “uns R$ 6 mil”, mais benefícios de sua mulher, Marisa Letícia, que morreu no mês passado, em decorrência de um AVC. “Acho que pode botar uns R$ 50 mil, estou tentando chutar”, disse Lula. “Depois, meu advogado manda para os senhores direitinho”.
(…) Questionado sobre o andamento da Lava Jato e supostas conversas que poderiam ter o objetivo de influenciar nas investigações, Lula afirmou: “Da Lava Jato, falamos no café da manhã, no almoço, no jantar e, às vezes, até depois da novela”, afirmou o ex-presidente. (…)
“Eu quero defender a minha honra, é o valor mais importante que eu tenho”, disse Lula. “Eu aprendi a andar de cabeça erguida. Para quem nasce na elite, não precisa de nada. Mas quem vem debaixo, não deixar colocar cangalho no seu pescoço, não é fácil”, finalizou o ex-presidente.
Durante o depoimento, o ex-presidente disse que é “vítima quase que de um massacre” no caso Lava Jato. Ele negou a acusação de Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) de que teria tentado interferir na delação de Cerveró. “Os dados são falsos”, disse Lula.
E do portal Lula.com.br:
Para Lula, Delcídio deve ter citado seu nome para fechar um acordo de delação premiada. “Depois de alguns dias, as pessoas começam a buscar um jeito de sair na cadeia.” O ex-presidente comentou que Delcídio saiu de seu encontro com os procuradores, após fechar o acordo que lhe garantiu a soltura da cadeia, “parecendo que tinha ganho o Prêmio Nobel da Delação.”