FUP
Inércia do SMS já causou três mortes em menos de 15 dias
Enquanto os gestores da Petrobrás fazem de conta que está tudo bem com o SMS, mais um trabalhador paga com a vida a inércia e a falta de vontade política da empresa em alterar a cruel rotina de acidentes e doenças que matam, mutilam e incapacitam dezenas de petroleiros a cada ano. A mais recente vítima deste cenário de horror foi o caldeireiro Sérgio Henrique de Faria Bandeira, da empresa Manserv, que presta serviços para a Petrobrás. Ele morreu na madrugada desta terça-feira, 30, após ter se acidentado gravemente ontem (29/10) na Revap, onde executava um trabalho de manutenção.
A FUP está buscando maiores esclarecimentos sobre o acidente, mas as informações preliminares são de Sérgio Henrique teria sofrido uma queda que causou traumatismo craniano. Ele é a terceira vítima fatal da insegurança na Petrobrás, em um intervalo de apenas 12 dias.
Segundo foi divulgado pelos gerentes da Petrobrás na reunião de ontem do Grupo de Trabalho Paritário de SMS, só este ano já haviam ocorrido 11 óbitos de trabalhadores na empresa. Os dados dispostos pela FUP e seus sindicatos eram de 08 fatalidades, incluindo o técnico de operação da Rlam, que faleceu no último dia 18, vítima de leucemia mielóide aguda causada pela exposição ao benzeno. Portanto, levando em conta as informações da própria Petrobrás (que deveriam ser constantemente atualizadas para a FUP), já tivemos, até o momento, 12 companheiros mortos só este ano, em função da falta de uma política de SMS comprometida de fato em zelar pela vida e saúde dos trabalhadores.
Na reunião de ontem do GT paritário, a FUP tornou a cobrar da empresa uma avaliação da sua gestão de (in)segurança, mas os gerentes executivos mais uma vez não se posicionaram, nem sequer sobre a visita feita em agosto à Statoil, para conhecer as práticas de SMS da estatal norueguesa.
Além disso, os gestores da Petrobrás negaram e desqualificaram todas as propostas apresentadas pela FUP no GT paritário, como acabar com as subnotificações de acidentes e doenças ocupacionais, fortalecer as CIPAs, alterar a metodologia de avaliação dos riscos químicos e físicos, ampliar a participação dos representantes dos trabalhadores para todas as comissões de apuração de acidentes, buscar soluções conjuntas para a caótica situação dos vôos na Bacia de Campos, garantir o devido cumprimento do Acordo Nacional de Benzeno e maior participação dos trabalhadores nos GTs, acabar de uma vez por todas com o PRAT, garantir o preenchimento correto do ASO, entre tantas outras proposições e questionamentos feitos pela Federação e seus sindicatos.
Está claro que não há vontade política da Petrobrás em resolver estas questões e de fato construir um novo modelo de SMS que aponte mudanças estruturais na atual concepção gerencial da empresa. Para a FUP, esse é um debate estratégico, que tem por eixo a defesa incondicional da vida. Já os gestores da Petrobrás, pelo visto, compartilham do mesmo pensamento que rege a maior parte do corpo gerencial da empresa, de que a morte faz parte do negócio.