Insegurança mata mais quatro trabalhadores na Petrobrás

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O acúmulo de funções e a redução de custos são o pano de fundo de mais uma tragédia  envolvendo trabalhadores terceirizados da Petrobrás.  No último dia 02, três trabalhadores morreram e outros três ficaram feridos em um acidente de trajeto no interior da Bahia.  A equipe de sondagem e perfuração da empresa Conterp estava sendo transportada para o campo de Bálsamo, área de produção terrestre  da UO-BA, quando a Kombi dirigida pelo mecânico colidiu com uma carreta na BR 101, a cerca de 140 quilômetros de Salvador.

Morreram no local o plataformista, Eduardo Carvalho dos Santos, 30 anos,  o auxiliar de plataforma, Thiago dos Santos Lima, 23 anos, e o mecânico,  Marivaldo Ferreira de Jesus, 40 anos, que acumulava a função de motorista e dirigia o veículo. Na noite anterior, ele havia trabalhado até a meia noite, mas teve que acordar às quatro horas da madrugada para buscar em Catu e Alagoinhas o restante da turma e transporta-la  até o campo de Bálsamo.

Na terça-feira, 04, o Sindipetro-BA realizou uma grande mobilização em Taquipe, onde cerca de 750 trabalhadores protestaram contra o acúmulo de funções e a insegurança. A Sonda operada pela Conterp está paralisada desde o dia 02 e continuará parada até que a empresa contrate motoristas para transportar os funcionários. “Essa situação absurda já havia sido alertada à direção da Conterp pelo próprio SMS da empresa, mas nenhuma medida foi tomada”, revela Radiovaldo Santos, diretor do Sindipetro-BA. Ele informou que outras empresas de sondagem que prestam serviço para a Petrobrás, como a Service, também  obrigam  os funcionários a acumularem a função de motorista. O sindicato exigirá da Petrobrás a adequação dos transportes dos contratados e ingressará com ações penais para responsabilizar as empresas pelas mortes dos trabalhadores.

Mergulhador da P-31 morre após passar mal no fundo do mar

Outra morte chocou os trabalhadores neste início de novembro. O mergulhador Thiago Mateus Coutinho de Oliveira, 31 anos, da empresa Sistac , que prestava serviços na P-31, na Bacia de Campos, faleceu a bordo da plataforma no último dia 04. Segundo relatos dos trabalhadores a bordo, ele passou mal no fundo do mar, a 12 metros de profundidade, quando trabalhava num “slot” de um duto da plataforma. O mergulhador foi socorrido e colocado no sino, mas já chegou sem vida à enfermaria da unidade.

FUP já registrou14 mortes desde janeiro

Desde o início do ano, 14 trabalhadores morreram em acidentes no Sistema Petrobrás: nove no E&P, quatro em unidades do Abast e um no Gás e Energia. O ano de 2014 já começou com dois acidentes fatais em janeiro, seguido de mais duas mortes em março. Nos meses seguintes, tivemos várias ocorrências graves, principalmente nas refinarias, que resultaram na perda de dois trabalhadores, entre eles um operador da Reman de 26 anos que havia sido admitido há pouco mais de um ano pela Petrobrás.  Enquanto os gestores da empresa agiam como se nada de grave acontecia,  em setembro tivemos mais quatro acidentes fatais e agora perdemos novamente mais quatro companheiros. E o SMS da Petrobrás nada faz para promover mudanças estruturais na política de segurança da empresa, como cobram a FUP e seus sindicatos.

No ES, petroleiro de 25 anos teve a perna amputada

Há um mês, outro acidente grave em unidade da Petrobrás alterou para sempre a vida de um trabalhador. Glaucio Parreira Queiroz, de 25 anos, operador de equipamentos da Perbrás, sofreu queimaduras graves, teve uma das pernas amputada e quase perdeu a visão de um dos olhos em conseqüência de um acidente de trabalho na manhã do dia 4 de outubro. Ele operava um dos poços de produção terrestre em São Mateus, no norte do Espírito Santo, e durante uma operação de circulação de óleo quente, conhecida como desparafinação, houve o rompimento de um niple de 2″ da linha de by-pass que atingiu o trabalhador na perna acompanhado de forte pressão de óleo quente.

Curto circuito na Rlam queima trabalhador

O eletricista Jucivaldo Teles, supervisor da empresa Cemon, que presta serviços para a Petrobrás na Bahia, sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus no rosto, pescoço e mãos, ao se acidentar no dia 30 de outubro, durante manutenção de equipamentos na Rlam. Ele foi atender a uma solicitação de serviço em um equipamento que estava sem sinalização e ao testar a máquina, houve um curto circuito no painel ,  que, segundo denúncias dos trabalhadores, estava fora das especificações da NR-10.  Jucivaldo está internado no Centro de Tratamento de Queimados do Hospital de Medicina Humana, em Candeias.

Fonte: FUP