Por Junior Gaigher, do Sindipetro ES, Regional Norte Capixaba
Mantendo sua política de desinvestimentos a Petrobrás anunciou que vai vender cerca de 180 campos terrestres que estão em produção em todo o Brasil. A projeção de desinvestimentos para o biênio 2015-2016 foi mantida em US$ 15,1 bilhões, sendo cerca de US$ 700 milhões em 2015 e US$ 14,4 bilhões em 2016. As metas de produção média diária de petróleo no Brasil previstas no PNG 2015-2019 (2,125 milhões de barris por dia em 2015 e 2,185 milhões de barris por dia em 2016) permanecem inalteradas.
Atualmente a Petrobrás possui 359 campos maduros em plena produção, a maioria (234) são campos terrestres, e ficam localizados nos estados de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Sergipe.
A CONTRADIÇÃO
Empresários querem o lucro fácil financiado com o dinheiro público. A Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petroleo e Gás (Abpi), se diz interessada em comprar os campos terrestres, se dizem também “independentes”, porém, querem financiamento do governo, dinheiro público, e todas as mamatas e condições para enriquecerem, produzirem e precarizarem ainda mais as condições de trabalho, no tocante a segurança, meio ambiente, saúde e renda dos trabalhadores. Basta ver o quadro de acidentes com vitimas fatais ocorridos nos últimos anos envolvendo trabalhadores do setor petróleo. A maioria terceirizados.
Contraditório se faz mais ainda o discurso da Petrobras de venda dos campos terrestres. Se a mesma Abpip que se diz capacitada prevendo que por exemplo, na Bacia do Reconcavo Baiano que seria capaz de retomar a produção ao nível de 1970, ou seja, 100 mil barris/dia, não faz sentido. A Petrobras com toda a sua capacidade técnica e área já instalada em todos os estados e municípios onde se localizam os campos terrestres, mais que ninguém tem a obrigação de retomar os investimentos onde estão localizados esses campos. Portanto, a justificativa do presidente da Abpip é fora de contexto.
— “Se a Petrobras colocar à venda todos os campos da bacia do Recôncavo baiano, eu me interesso por todos — disse Marcelo Campos Magalhães, diretor-presidente da PetroRecôncavo e presidente da Abpip.”
RESERVAS SÃO GARANTIA
Como se não bastasse as mamatas de financiamento com o dinheiro público, a Abpip quer dar como garantia as próprias reservas.Vale lembrar, também, que a queda de arrecadação de estados e municípios deve-se, principalmente, pela queda no preço do petróleo, que poderá atingir os U$ 20 por barril em futuro próximo.