A mídia internacional repercutiu a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado nesta quarta-feira (11) e destacou o grave momento político e econômico enfrentado para o país. “Dilma Rousseff vive talvez suas últimas horas à frente do Brasil”, escreve o jornal francês Le Monde em matéria intitulada “No Brasil, Dilma Rousseff está prestes a ser derrubada do poder”. O texto ressalta a tentativa do governo de impedir a votação no Senado no Supremo Tribunal Federal, que considera um “golpe de Estado”.
“A não ser por uma grande surpresa, a senhora Rousseff será automaticamente excluída do poder por um período de, no máximo, 180 dias enquanto se aguarda o julgamento final dos senadores, que pode ser realizado em setembro”, informa o periódico.
O norte-americano The New York Times fez um apanhado sobre a situação política eeconômica do Brasil ao explicar a crise. “Depois de meses de tiradas, manobras secretas e recursos judiciais, o esforço para tirar Dilma Rousseff está indo para um resultado nesta quarta-feira”, abre o texto da publicação.
“O voto é um divisor de águas na luta pelo poder no Brasil, um país que vivenciou um raro tempo de estabilidade ao longo das últimas duas décadas, uma vez que conseguiu reforçar sua economia e alcançou maior proeminência no cenário mundial. Agora, estes ganhos estão se desfazendo”, publicou o periódico acrescentando que o “Brasil está enfrentando sua maior crise econômica em décadas, grandes casos de corrupção e uma disputa amarga entre líderes envolvidos em escândalos”.
Já no El País, o destaque foi para o fato do governo ter recorrido ao STF para “tentar deter o impeachment na última hora”. Aos seus leitores, afirma que o governo de Dilma “em uma desesperada tentativa” tenta barrar o juízo político da presidente. “Segundo todas as pesquisas, afastarão Rousseff do cargo, convertendo-a em um tipo de presidente fantasma”, escreveu a publicação.
Em editorial intitulado “Um processo irregular”, o jornal mais influente da Europa define o afastamento da presidente Dilma Rousseff como “uma espécie de golpe constitucional”; “Enquanto o Brasil afunda na recessão, a oposição usou o Congresso para transformar uma acusação de caráter político – uma má gestão do orçamento – num processo previsto para casos penais”, diz trecho do texto; o El País questiona ainda a legitimidade do governo do vice Michel Temer; “Essa crise institucional coloca dúvidas mais do que razoáveis sobre a legitimidade que teria um novo presidente depois de um processo tão pouco habitual. O Brasil não pode se permitir semelhante espetáculo. O dano causado é incalculável”.
O jornal argentino La Nacion deu destaque para a crise brasileira em sua capa online e disse que o mandato de Dilma pode estar chegando ao fim. “Depois de jogar com todas as cartas que tinha na manga para evitar o julgamento político, o tempo da presidente brasileira, Dilma Rousseff, parece ter acabado e hoje (dia 11) ela se prepara para enfrentar a decisiva votação do Senado”, escreveu o periódico portenho dando as estimativas da votação levantadas pela mídia brasileira.
O italiano Il Sole 24 ore fez um texto explicando a crise econômica e política no país sul-americano e disse que “o Brasil não supera a grave crise institucional”. “É difícil prever, em curto prazo, o início de uma nova temporada política até porque o próprio vice-presidente Michel Temer, que deve substituir Rousseff nos próximos seis meses, está gravemente implicado em escândalos de corrupção que atingem o país”, finalizou a publicação.
Fonte: com informações da Ansa e agências internacionais