Sindipetro NF
Com participações que estimularam dirigentes sindicais e assessorias a disputarem a hegemonia da grande mídia, os jornalistas Altamiro Borges e Leandro Fortes fizeram, na manhã de hoje, as palestras do Encontro Nacional de Comunicação, que integra a programação da II Plenária Nacional da FUP (Federação Única dos Petroleiros), que acontece em Brasília até o próximo sábado.
Borges é jornalista do Portal Vermelho, do PCdoB, e Fortes é repórter da revista Carta Capital.
Para o primeiro, as eleições presidenciais que se aproximam serão “uma grande batalha” e os sindicatos não poderão ficar “em cima do muro”. Ele avalia que os Estados Unidos, a direita brasileira e a grande mídia jogarão peso na disputa pelo retorno ao governo.
“Os sindicatos estão chamados a entrarem de cabeça nesta batalha”, disse, argumentando que “a legislação brasileira é hipócrita”, já que proíbe sindicatos de apoiarem candidaturas enquanto não faz o mesmo com os empresários. Borges citou legislações como as dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França que permitem que as centrais sindicais e sindicatos façam campanha aberta para os candidatos que julguem melhor defender os interesses dos trabalhadores.
Ainda na avaliação de Borges, está nítida uma estratégia norte-americana de retorno de influência na América Latina, como ocorreu nas eleições do Panamá e no Chile, na implantação de bases militares na Colômbia e no Golpe de Honduras. O Brasil tem sido um contraponto que, segundo ele, estaria irritando os Estados Unidos.
Para o jornalista do PCdoB, os departamentos de comunicação dos sindicatos têm três grandes desafios: primeiro, “não ter a ilusão em relação à grande mídia e fazer a demarcação, desmascarando com dados, não com adjetivos” os conteúdos da imprensa tradicional; em segundo lugar, “é preciso fortalecer os instrumentos dos sindicatos e entender que comunicação não é custo, é investimento”; e, por último, contribuir para a democratização da comunicação.
Mídia sindical é resistência
O jornalista Leandro Fortes, além de confirmar as teses de Borges, acrescentou que a estratégia da grande mídia brasileira não é falar para a população, mas para as instituições e para a classe média. Eles formariam uma espécie de cadeia que começaria, por exemplo, com uma capa bombástica de “Veja”, seguida pela repercussão nos jornais e nas TVs.
“A grande mídia é nanica, os jornais não vendem nada, mas eles falam com as instituções”, disse.
Para ele, os sindicatos ainda não têm a devida consciência da força de comunicação que possuem, quando poderiam utilizar toda a capilaridade dos movimentos sociais para fazer a resistência à grande mídia. A imprensa sindical, avalia, precisa cada vez mais falar para fora, e não apenas para as categorias que representam.