Há 15 dias em greve, terceirizados da Revap protestam contra calote

Organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil, do Mobiliário e Montagem Industrial de São José dos Campos e Litoral Norte (Sintricom), a manifestação cobrou mudanças na política de contratações da Petrobras

[Texto de Alessandra Jorge, do Sintricom SJC e Litoral Norte | Edição: Marize Muniz, da CUT]

Em greve há 15 dias reivindicando o pagamento do salário de outubro, vale alimentação e adiantamento, trabalhadores da Método Potencial, terceirizada que presta serviços de manutenção de rotina na Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, receberam nesta quarta-feira (17) a solidariedade dos demais trabalhadores da refinaria e lideranças dos sindicatos e centrais sindicais da região.

Organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil, do Mobiliário e Montagem Industrial de São José dos Campos e Litoral Norte (Sintricom), a manifestação criticou e cobrou mudanças na política de contratações da Petrobras, que prioriza apenas o menor preço sem se preocupar com a saúde financeira das empresas terceirizadas, deixando o prejuízo nas costas da classe trabalhadora.

E sem condições de cumprir do contrato, muitas empresas vão embora ou têm as suas atividades encerradas pela Petrobras, sem honrar com o pagamento dos trabalhadores, que são obrigados a enfrentar longos processos na Justiça para receber o que têm direito.

“Existe uma luta ainda pra gente chegar no nosso ideal que é garantir o pagamento de todos os direitos de vocês”, disse o presidente em exercício do Sintricom, Marcelo Rodolfo da Costa.

“Já passou da hora da Petrobras tomar vergonha na cara e arrancar essa empresa, porque ela não consegue mais tocar serviço nenhum aí e só está escorraçando trabalhador”, completou o dirigente.

Sindicatos de diversas categorias participam da manifestação

Além dos trabalhadores de todas as empresas terceirizadas da base do Sintricom, o ato desta quarta reuniu o coordenador da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Vale do Paraíba, Zé Carlos dos Condutores, o presidente do Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos, Rafael de Paula Prado Alvarelli, a vice-presidente Cidiana Masini Bernardo e o diretor Luís Alberto Gomes Sendretto.

“Eu estou vendo que são várias empresas aqui e não só os companheiros da Método.  Essa importante solidariedade de classe, essa importante unidade dos trabalhadores que realmente constroem a riqueza desse país é fundamental para a gente virar esse jogo”, disse o presidente do Sindipetro-SJC, Rafael de Paula Prado Alvarelli.

Do Litoral de São Paulo, vieram o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), Fabio de Mello, os diretores Valdemar Barbosa do Amaral, Márcio André da Silva e Marcelo da Silva dos Santos que estão apoiando a luta dos trabalhadores da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), onde a Método também atrasou pagamentos. Lá, a empresa teve o contrato encerrado pela Petrobras e a luta agora é pelo recebimento das verbas rescisórias.

A situação financeira da Método Potencial também tem ocasionado atrasos em outras refinarias como: Refinária Presidente Getulio Vargas (REPAR)) em Araucária-PR, na Refinaria de Paulínia (Replan) e Província Petrolífera de Urucu, em Coari-AM.

“Culpado sim é o presidente da Petrobras que permite esses calotes e esses contratos, que permite uma empresa negociar a fatura. Negocia com o banco e dá calote no trabalhador”, disse o presidente do Sindipetro-LP. Fábio de Mello, se referindo ao general Joaquim Luna e Silva.

“Em Cubatão não foi diferente”, afirmou o dirigente, que acrescentou: “Na Justiça é uma loteria. Por isso, eu prefiro acreditar na luta. Por isso, que estamos irmanados. A gente só consegue as coisas na unidade. Prefiro acreditar em uma Greve Geral em todo sistema Petrobras”.

De São José dos Campos, manifestaram apoio a diretoria do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba e do Sindicato da Construção Civil de Jacareí (STIC MOB), Sindicato dos Papeleiros de Jacareí, Sindicato dos Vidreiros do Estado de SP,  Sindicato dos Químicos de São José dos Campos, Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté (Sindmetau) e Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba (Sindmetalpinda).

Audiência

Na tarde desta quarta acontece por videoconferência a audiência de mediação e conciliação realizada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª. Região de Campinas (TRT-15) que será acompanhada pelos trabalhadores na sede do Sintricom em São José dos Campos, SP.

Na última quinta-feira, a Método Potencial teve seu pedido de liminar para encerramento da greve ou manutenção de no minimo 50% do efetivo trabalhando negado pela Justiça, que não aceitou a argumentação da empresa que afirmou que os serviços prestados por ela na refinaria sejam essenciais.

Após a derrota, a empresa chegou a enviar pelo WhatsApp uma mensagem aos trabalhadores para convencê-los a parar a greve. A mensagem tratava da transição para a empresa que irá assumir a prestação de serviços em seu lugar. Aqueles que voltassem ao trabalho hoje seriam colocados em aviso prévio.

Mas, sem pagamento ou garantias de que irão receber os atrasados e 1ª. parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de quase R$ 3 mil, além da 1ª.  Parcela do 13º. Salário e verbas rescisórias, trabalhadores votaram pela manutenção da greve.

Sintricom se reúne com EQS

O presidente em exercício do Sintricom, Marcelo Rodolfo da Costa teve ontem (16) a segunda reunião com a EQS Engenharia, empresa que irá assumir gradativamente os serviços prestados pela Método. Em assembleia hoje na Portaria P4 da Revap, o dirigente comentou sobre os avanços na negociação para a adesão da EQS ao Acordo Coletivo de Trabalho vigente, além da prioridade na contratação dos trabalhadores da Método.

“Avançamos nas tratativas da assinatura do Acordo, deixando claro que não vamos aceitar a retirada de direitos. E sobre a transição, a empresa nos disse que inicia suas atividades no próximo dia 23 com 52 trabalhadores, chega a 180 em dezembro, aumentando gradativamente até o pico do contrato. Vamos acompanhar de perto. Mas, muitos da Método não terão oportunidade de trabalho na Refinaria”, disse o dirigente.