Nesta segunda-feira (6) completa-se uma semana que seis militantes de organizações do campo e da cidade estão em greve de fome pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Zonália Santos, Jaime Amorim e Vilmar Pacífico, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Rafaela Alves e Frei Sérgio Görgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), e Luiz Gonzaga, o Gegê, da Central dos Movimentos Populares (CMP), estão sem ingerir nenhum alimento, apenas água e soro. A partir de hoje, o grupo terá a companhia de mais um membro, o militante Leonardo Armando, do Levante Popular da Juventude.
Eles exigem que o Supremo Tribunal Federal (STF) cumpra a Constituição, a qual determina que ninguém pode ser considerado culpado antes de ter seu processo transitado em julgado. O apelo é dirigido especialmente aos ministros Edson Fachin, Cármem Lúcia, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Alexandre de Moraes, que têm votado de modo favorável à prisão após condenação em segunda instância, além de negar habeas corpus ao ex-presidente. Lula está preso na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, desde 7 de abril.
Em manifesto protocolado no STF no primeiro dia da greve, os militantes também denunciam a volta da fome no país, o aumento da violência, o desmonta da saúde e da educação pública, o aumentos dos preços dos alimentos, combustíveis, gás de cozinha e a perda da soberania nacional.
“A greve de fome que a gente está realizando aqui em Brasília é contra a fome. É para que outros não passem fome”, afirma frei Sérgio. O grupo defende que o projeto político em curso no Brasil desde o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, tem impactado as camadas mais pobres da população, com aumento da fome e violência, perda de direitos e desprezo pela soberania nacional. “Essa greve de fome também é pela liberdade de Lula e seu direito de ser candidato. Ele está lá condenado e trancafiado em Curitiba porque representa a ideia de que não se pode sustentar os privilégios da elite às custas da fome do povo”, explica frei Sérgio, que no segundo dia de greve chegou a dizer que o ato era um “termômetro” de como o STF trata o povo brasileiro.
“A fome representa aqui o desprezo pelo ser humano, como se os pobres não precisassem viver. Isso é muito forte e doloroso”, afirma Zonália.
Alojados no Centro Cultural de Brasília (CCB), os ativistas receberam nesta segunda a visita do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), que destacou a greve de fome como um ato extremo contra a perseguição judicial imposta ao ex-presidente e a situação de saúde do grupo.
“O médico Ronald Wolff está acompanhando os militantes que estão em greve de fome e relata que eles estão recebendo tratamento com soro fisiológico para evitar situações de hipoglicemia e outras mais graves”, informou Pimenta, em rede social. Durante o final de semana, os ativistas também receberam a visita da deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), e de Gilberto Carvalho, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência nos governos Lula e Dilma.
[Via Rede Brasil Atual]