CUT, por Leonardo Severo
Após 9 dias de paralisação em que dobraram a arrogância e a intransigência patronal, os cerca de 3.500 operários que trabalham na construção da fábrica de fertilizantes da Petrobrás, em Três Lagoas-MS, retornaram às atividades nesta segunda-feira (28).
Acompanhando o movimento grevista pela Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom/CUT), Valdemir Oliveira (Popó), destaca que foi a pressão da mobilização quem garantiu a presença da entidade e da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção, Mobiliário e Montagem Industrial do Mato Grosso do Sul (Fetricom-MS) na comissão de negociação com o consórcio UFN 3, responsável pela obra. Até então, os dois sindicatos dos trabalhadores da construção de Três Lagoas, o da Civil e o da Pesada, vinham apenas endossando a posição da empresa, fazendo vista grossa aos inúmeros problemas que geraram o movimento, como o brutal assédio dos encarregados. “Foi a determinação expressa pela categoria nas assembleias que garantiu a nossa participação e, com ela, os avanços conquistados”, relatou Popó.
CONQUISTAS – ”De imediato, acertamos o reajuste do vale alimentação de R$ 220 para R$ 250 que, a partir de agora, será descontado proporcionalmente”, declarou o dirigente da Conticom, lembrando que, “pelo absurdo e desumano sistema anterior, caso o trabalhador faltasse um único dia já perdia o direito ao vale. Ficava sem nada, perdia na totalidade”.
Entre outras questões que começarão a ser resolvidas estão a imundície e a insegurança dos alojamentos, os graves problemas de fiação, ventilação e iluminação; a falta de comunicação, via instalação de uma antena telefônica – pois anteriormente os trabalhadores da obra localizada no interior do município eram mantidos sem qualquer contato exterior; o estabelecimento de uma linha de ônibus de hora em hora com a cidade – uma vez que o transporte era feito apenas nos dias de pagamento; além da resolução do abastecimento e da melhoria da qualidade da água.
Embora a data-base da categoria seja 1º de Maio, ficou acordada a antecipação da negociação do dissídio coletivo, que começa a ocorrer a partir desta segunda.
VALORIZAÇÃO – O presidente da Fetricom-MS, Webergton Sudário (Corumbá), ressaltou que “a partir do atendimento às reivindicações sociais, que é a questão humana mais urgente, como melhoria dos alojamentos, da alimentação e a solução do grave problema do translado até a cidade, vamos protocolar a pauta financeira já nesta terça-feira”. A prioridade, frisou Corumbá, é garantir que os 20% de reajuste repassados aos trabalhadores da montagem sejam antecipados a todos os operários da obra.
ESTABILIDADE – Para evitar retaliações às lideranças, a Conticom e a Fetricom apontam que o Acordo Nacional da Construção garante a estabilidade de seis meses para os trabalhadores que integram a Comissão de Negociação Permanente. Segundo Popó, “esta é uma questão essencial para evitar atropelos de empresários inescrupulosos e avessos ao diálogo”.
Conforme acordado, a greve será descontada na forma de uma das duas horas extras trabalhadas diariamente.