Greve vitoriosa dos mineiros canadenses fortalece luta contra violações da Vale

Foram 12 meses de resistência e unidade na mais longa greve da categoria…





Imprensa da FUP








Os mineiros canadenses da região de Ontario fizeram, mais uma vez, história durante os 12 meses de resistência e unidade na mais longa greve da categoria. Por um ano, eles mantiveram paradas importantes unidades de produção da mina de níquel e cobre que pertence ao Grupo Vale, desde que a multinacional brasileira adquiriu em 2006 a companhia Inco, passando a ocupar o segundo lugar no setor mundial de mineração. No último dia 09, após acordo conquistado pelo sindicato que os representa (United Steelworkers –USW), os trabalhadores venceram a queda de braços com a Vale e decidiram encerrar a greve. O acordo, mediado por representantes do governo canadense, garantiu conquistas importantes em relação ao fundo de pensão dos trabalhadores e fez a empresa recuar no corte de direitos e salários.

A greve dos mineiros canadenses desnudou para o mundo as práticas antissindicais da Vale, que ficou conhecida no país como símbolo de ganância e desrespeito aos trabalhadores. A empresa fez por onde: descumpriu o compromisso que havia assumido de manter os direitos conquistados pelos mineiros canadenses, fugiu da negociação com o sindicato, contratou trabalhadores terceirizados para substituir os grevistas, entre outras atitudes autoritárias que revoltaram a categoria e colocaram a população de Ontario contra a empresa.

Com uma longa trajetória de resistência e tradição de esquerda, os mineiros canadenses não sucumbiram diante dos ataques da Vale e responderam com uma greve unificada aos cortes de direitos e à redução de salários impostos pela mineradora. Ao incorporar a companhia Inco, o Grupo Vale quiz empurrar goela abaixo dos mineiros mudanças no contrato coletivo de trabalho, tentando reduzir custos com a aposentadoria complementar e a participação dos trabalhadores no lucro. O sindicato tentou barrar os ataques, através da interlocução com a empresa, que recusou-se a negociar, levando os trabalhadores ao enfrentamento.

 “Essa greve foi provocada por intransigência da Vale”, criticou a CUT em carta aberta, em maio deste ano, denunciando as práticas antissindicais da empresa. “Aqui no Brasil, temos diversas ocorrências de desrespeito às organizações sindicais e casos de violação das leis trabalhistas”, ressaltou o documento, citando, também informações de sindicatos de Moçambique, Argentina, Peru, Chile, Alemanha, Itália, Austrália e Nova Caledônia sobre “infrações do Grupo Vale aos direitos trabalhistas fundamentais, a precarização das relações e condições de trabalho e do pouco diálogo com as comunidades tradicionais locais”.

A greve dos mineiros canadenses colocou em xeque as ações predatórias do Grupo Vale, que, em busca do lucro acima de tudo e de todos, precariza o trabalho, viola direitos, desrespeita legislações, criminaliza os movimentos sociais.  Os trabalhadores provaram que a unidade e a solidariedade classista é a forma mais efetiva de enfrentamento a estas violações. “Uma nova referência foi criada, o movimento sindical que representa trabalhadores na Vale  não voltará a ser o mesmo. Não poderemos mais usar o argumento que a empresa é forte demais, e que se paralisarmos suas atividades estaremos perdidos. A greve no Canadá jogou por terra este argumento”, ressalta Eduardo Pinto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias do Maranhão, Pará e Tocantins (um dos sindicatos que representa os trabalhadores da Vale no Brasil), em carta enviada aos mineiros canadenses.

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