Greve sanitária na Repar por causa da Covid-19 tem forte adesão no primeiro dia

Trabalhadores seguem orientação do sindicato e ficam em casa nesta segunda-feira (12/4), no primeiro dia da greve em defesa da vida na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar)

Na manhã desta segunda-feira (12/4), trabalhadores da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no município de Araucária, no Paraná, mantiveram-se em casa, seguindo a orientação do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro-PR/SC), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP). Foi o início da greve sanitária em defesa da vida, motivada pelo fato de a gestão da Petrobrás não ter atendido à solicitação dos petroleiros de suspender a parada de manutenção na refinaria, que teve início hoje e deve levar cerca de 2 mil trabalhadores a mais à unidade.

O primeiro corte de rendição de turno aconteceu às 7h desta segunda, e a orientação do Sindipetro PR/SC foi para os petroleiros não irem à refinaria, por se tratar de uma greve sanitária. A Repar tem 750 trabalhadores próprios, e atualmente 300 deles estão trabalhando em regime de “home office”. A refinaria ainda tem 800 trabalhadores terceirizados. Em dias normais, portanto, são 1.250 pessoas trabalhando presencialmente na unidade.

“O Brasil está em um período crítico da pandemia, com o sistema de saúde colapsado em praticamente todo o país. Já estamos registrando mais de 4 mil mortes diariamente por causa da incompetência do governo federal em proteger a população e fornecer vacinas. Mesmo assim, a gestão da Petrobrás insiste em manter essas paradas de manutenção, que duplicam ou até triplicam a quantidade de pessoas nas refinarias. A empresa conta com o desespero e a necessidade dessas pessoas de trabalhar porque não têm qualquer assistência do governo. E, assim, põe em risco tanto quem vai atuar nas paradas de manutenção como quem já trabalha nas unidades”, reforça o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, lembrando que o problema também atingiu as refinarias Landulpho Alves (RLAM, na Bahia), Gabriel Passos (Regap, em Minas Gerais) e Duque de Caxias (Reduc, no Rio de Janeiro).

O Sindipetro-PR/SC divulgou que, durante o movimento, a entidade realizará reuniões virtuais diárias pela plataforma Zoom, sempre às 16h, com os trabalhadores da Repar, para avaliar a greve e definir as próximas ações.

Na última sexta-feira (9/4), o sindicato realizou uma live com o biólogo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Lucas Ferrante, que divulgou dados justificando a importância da suspensão da parada de manutenção na refinaria.

“Os estudos mostram que, das pessoas que são hospitalizadas por causa da contaminação pelo coronavírus, 70% desenvolvem problemas renais crônicos e permanentes, 40% apresentam danos cerebrais, além de outras sequelas cardíacas, pulmonares, motoras e cognitivas”, disse o pesquisador, que ainda explicou que a nova variante do vírus (identificada em Manaus) tem duas vezes mais capacidade de infecção do que a versão e já alcança todo o país.

Segundo informações do Sindipetro-PR/SC, já foram registradas três mortes de trabalhadores terceirizados na Repar por Covid-19, e a administração da empresa não comunicou o fato aos demais empregados.

De acordo com o último boletim de monitoramento da Covid-19 (n° 51) do Ministério de Minas e Energia (MME), divulgado na segunda passada (5/4), a Petrobrás já registrou 20 mortes de trabalhadores próprios pela doença. Pelas informações recebidas pela FUP e seus sindicatos, porém, esse número é pelo menos três vezes maior, com 60 mortos.

[assessoria de comunicação FUP]