Greve no Sistema Eletrobrás poderá ser deflagrada a partir da próxima semana

CUT

Em todo o Brasil, trabalhadores do Sistema Eletrobrás não descartam a possibilidade de iniciar uma greve a partir da próxima semana.

Até o momento, após duas rodadas de negociação, a estatal negou todos os itens reivindicados e não apresentou nenhuma contra-proposta.

Com data-base em maio, a FNU (Federação Nacional dos Urbanitários) entregou à direção da estatal a pauta de revindicações em abril.

A luta dos trabalhadores é pela manutenção e ampliação das conquistas; reposição da inflação mais 10% de ganho real; PLR; revisão e melhoria do PCR (Plano de Carreira e Remuneração); fortalecimento do setor elétrico estatal; plano de qualidade extensivo aos aposentados.

Alegando passar por uma fase de reestruturação interna, inclusive adotando um Plano de Incentivo ao Desligamento (PID), cujo objetivo é eliminar de 3 a 5 mil funcionários até o próximo ano dos 28 mil que compõem o quadro funcional, a direção colocou como condicionante para os avanços da negociação a finalização do Plano, onde as adesões vão de 10 de junho a 10 de julho.

“Problema é que grande parte dos trabalhadores das áreas técnicas acabam voltando como prestadores de serviços. Estamos indignados com a forma leviana com que as empresas que compõem o Sistema Eletrobrás estão tentando empurrar para os trabalhadores a responsabilidade na redução dos custos, anunciando o processo de demissão como única medida a ser tomada após a MP 579”, repudiou Franklin Moreira, presidente da FNU.

A Eletrobrás registrou prejuízo líquido de R$ 6,878 bilhões no ano passado. O balanço do primeiro trimestre deste ano mostra um prejuízo de R$ 35,8 milhões.

Em contrapartida, a estatal deverá desembolsar com o PID entre R$ 2 a 3 bilhões em um processo que não refletirá em aumento da produção.

E juntamente com este Plano surgiu a determinação do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest), órgão do Ministério do Planejamento, de que o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) aos dirigentes do Sistema Eletrobrás será condicionado ao alcance do maior número possível de demitidos nas empresas do grupo.

De acordo com Franklin, a proposta retoma a política implementada no período FHC, atrelando o pagamento de PLR a meta de redução pessoal, estabelecendo duas categorias e com corte de direitos trabalhistas históricos dos urbanitários. “Depois de muita luta durante o governo Lula onde conseguimos revogá-la, estamos novamente diante desta política de caráter neoliberal”, lamentou.

No último dia 17 de junho, os trabalhadores realizaram uma paralisação nacional de 24 horas que contou com ampla adesão da categoria.

Uma nova reunião com a direção da estatal está marcada para esta quinta-feira (27). “Esperamos que seja apresentada uma nova proposta para ser levada as assembleias em todo o Brasil, caso contrário iniciaremos uma greve a partir da próxima segunda-feira (01/07)”, advertiu o presidente da FNU.