Greve na Repar conquista proposta vitoriosa

Após 20 dias de greve, cerca de dez mil trabalhadores terceirizados da Repar e da Fosfértil…

Imprensa da FUP. com informações da CUT Paraná

Após 20 dias de greve, cerca de dez mil trabalhadores terceirizados da Repar e da Fosfértil, no Paraná, aprovaram em assembléias a contraproposta arrancada dos patrões. A unidade dos trabalhadores foi fundamental para o avanço nas negociações. Eles resistiram ao assédio dos patrões e às práticas antissindicais da Petrobrás, que chegou, inclusive, a entrar com interdito proibitório contra os seis sindicatos e a CUT-PR. Após meses de tentativa de negociação e quatro audiências de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho, a comissão patronal, representante das 31 empresas que prestam serviço para a Repar e a Fosfértil, apresentou, finalmente, na quinta-feira, 23, uma proposta com avanços.

Além de reajuste salarial de 10% (cujo aumento real é de 4,5%), os patrões propuseram piso de R$ 726,00 (garantindo ganho real de 7,5% em relação ao piso anterior), ajuda de custo e cesta básica de R$ 150,00, horas extras de 60% e 120%, PLR de um salário básico, cesta natalina de R$ 100,00, folgas de um a três dias para trabalhadores que moram a mais de 200 km de distância do local de trabalho, garantia no emprego de 45 dias após a greve, entre outras conquistas. Os trabalhadores estão aprovando em assembléias a proposta arrancada na greve. As assembléias seguem até segunda-feira, 27.

Greve pode ser retomada em breve 

O acordo firmado no TRT contemplou grande parte dos trabalhadores, cerca de 80%, mas ficaram de fora algumas empresas de manutenção e da própria obra. São cerca de dois mil funcionários de empresas, como a Manserv, Cegelec, Isotec, Semep, Ypiranga, NM, Terracom, IMC Saste, Engael, Exterran, entre outras, que ainda não aderiram ao acordo. Dessa maneira, a paralisação pode ser retomada se essas empresas não subscreverem ao acordo feito no Tribunal Regional do Trabalho.

Os trabalhadores cumpriram sua parte no acordo, isto é, voltaram ao trabalho nesta segunda-feira, cabe às empresas cumprirem a sua.

Protagonismo da CUT

Pela primeira vez, a CUT atuou como a principal entidade representativa dos trabalhadores, à frente da organização e condução de uma greve, envolvendo seis sindicatos. A Central também conduziu as negociações com os patrões, atuando como articuladora de todo o processo. “A unificação da greve e da negociação, tendo a CUT como fio condutor, foi fundamental para os avanços e conquistas obtidos. É um momento histórico para a Central, que legitimou na prática o reconhecimento como entidade representativa dos trabalhadores, interlocutora dos sindicatos e negociadora”, destaca Anselmo Ruoso, diretor do Sindipetro-PR/SC e da FUP. Ele ressaltou também a importância da solidariedade de classe dos sindicatos do estado do Paraná, que enviaram apoio e ajuda aos trabalhadores grevistas.
 
Práticas antissindicais- durante a reunião da Comissão de Terceirização, ocorrida no dia 21, a FUP criticou o descaso da Petrobrás com as reivindicações dos trabalhadores terceirizados da Repar e condenou as práticas antissindicais da empresa. No último dia 16, a CUT Paraná, o Sindipetro-PR/SC e outros cinco sindicatos do estado foram notificados com interditos proibitórios ingressados pela Petrobrás, impondo multas diárias de R$ 100 mil a cada entidade sindical. Apesar da truculência e autoritarismo, os trabalhadores resistiram à pressão e mantiveram a greve até conquistarem uma proposta com avanços.